Práticas esportivas para pessoas com Síndrome de Down

Conheça as oportunidades esportivas para pessoas com Síndrome de Down em diferentes fases da vida

21 de março de 2024 - às 19h45 (atualizado em 21/3/2024, às 19h45)

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Escrito por

Dayana Bonetto

Redatora Let's Move 360

Para pessoas com Síndrome de Down (SD), a prática esportiva não é apenas uma atividade física, mas também um meio de inclusão e desenvolvimento pessoal. Segundo o IBGE, no Brasil, aproximadamente 300 mil brasileiros nascem com síndrome de Down. Uma das características da condição é o risco de obesidade. De acordo com o Projeto Motiva Down da Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL), cerca de 45% dos homens e 56% das mulheres com SD apresentam excesso de peso pela classificação do Índice de Massa Corporal (IMC). 

Para Rodrigo Görgen, coordenador de Iniciação Esportiva do Instituto Serendi-pidade, bacharel em Educação Física com pós-graduações em neurociências e comportamento, e em psicomotricidade, a atividade física desempenha papel fundamental na melhoria da saúde e do bem-estar dessas pessoas. Desde natação e dança até basquete adaptado, ele ressalta que há várias opções disponíveis para atender às necessidades e interesses de cada um. “Além dos benefícios físicos, como melhorias na coordenação motora e na força muscular, o esporte faz bem para o sistema nervoso central e periférico. A neuroplasticidade (conexões neurais) e a neurogênese (formação de novos neurônios) promovidas pela atividade física têm efeitos amplos e exponenciais para pessoas com SD, aumentando sua capacidade cognitiva, seu repertório motor (movimento), agilidade mental e corpórea. Em suma, alicerçam o aumento de seu potencial para demais áreas da vida, além do esporte”, salienta.

Görgen também destaca que a prática oferece oportunidades para desenvolver habilidades sociais, autoconfiança e autonomia. Para ele, o esporte estimula a autossuficiência, ou seja, a liberdade de se movimentar, deslocar, aumentar a gama de experiências na vida. “A síndrome de Down tem particularidades padronizadas, como a hipotonia (falta de força muscular), frouxidão ligamentar, defasagem proprioceptiva (lentidão entre estímulo x resposta), dificuldade de equilíbrio. Algumas deficiências acarretam limitações físicas que podem ser atenuadas e até mesmo recuperadas com a prática de esportes”, pontua. 

No entanto, Görgen destaca que é importante que essas práticas sejam supervisionadas e adaptadas por profissionais, levando em consideração as exigências individuais. 

Esportes para pessoas com SD

Rodrigo Görgen destaca a importância de considerar as necessidades específicas de cada faixa etária ao planejar práticas esportivas para pessoas  com SD. Ele salienta que desde a infância, é crucial oferecer atividades que promovam o desenvolvimento motor de forma lúdica e adaptada. Durante a pré-adolescência e adolescência, Görgen indica a gradual introdução de novos desafios e modalidades esportivas, buscando promover não apenas o desenvolvimento físico, mas também a socialização e a autonomia. Na fase adulta e durante o envelhecimento, ele pontua que o foco deve estar na manutenção da saúde física e na preservação da funcionalidade. 

Recomendações por idade

  • Infantil: na fase fase, as atividades devem ser cuidadosamente planejadas para promover o desenvolvimento motor de maneira lúdica e suave. Isso inclui a prática de psicomotricidade e a participação em brincadeiras tradicionais, como amarelinha, pular corda e quicar. Além disso, é importante proporcionar experiências sensoriais variadas, como segurar diferentes tipos de bolas e texturas, e incentivar a prática de natação para estimular o salto e o pulo. A iniciação aos esportes radicais, como bicicleta, skate e patinete, deve ser feita de forma adaptada às habilidades individuais da criança, sem pressão, com liberdade e foco no construtivismo;
  • Pré-adolescência à adolescência: começar gradualmente o estímulo do uso de cargas, peso mesmo, musculação. Sempre pensando em movimento, mas consciente em para quem, para quê, quando e por quê. Tentar dar um número relativo de experiências em diversos esportes, porém, respeitando um tempo de adaptação em cada modalidade. Começar a observar as indicações de habilidades e prazer em cada modalidade, talvez, a fim de se aprofundar em uma ou mais modalidades esportivas. Trabalho de exercícios cardiorespiratórios, corrida, ciclismo e caminhada;

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  • Adultos e envelhecimento: musculação e treinamento funcional. Manter os esportes de preferência, buscar conservar o hábito que foi criado até agora, com suas preferências, para estimular disciplina e como referência em seu cotidiano e sua identidade. Evitar exercícios de muita oxidação, a fim de prolongar sua fisiologia (alta intensidade prolongada). Focar na conservação dos movimentos, um retorno à psicomotricidade e terapia ocupacional. Alongamento precisa de mais consideração de acordo com o avanço da idade.

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