Tudo sobre colágeno: conheça seus benefícios e para que serve

Quer saber o que é colágeno e como ele pode te ajudar a cuidar da pele e da saúde de ossos e cartilagens? Saiba tudo aqui

21 de março de 2023 - às 19h02 (atualizado em 4/3/2024, às 17h28)

cápsulas e colágeno em pó
Crédito:

Envato

Escrito por

Júnior Ferreira

Redator

O colágeno representa um grupo de 28 proteínas que compõe cerca de 30% da composição protéica do corpo. Uma pesquisa realizada em 2022 pela Associação Brasileira da Indústria de Alimentos para Fins Especiais e Congêneres (Abiad) aponta que entre 2015 e 2020 ouve um aumento de 167% no consumo de colágeno no Brasil. Mas afinal, o que é colágeno? Por que ele é importante? Como ele age no nosso corpo? E de onde ele vem? Saiba tudo isso e entenda o motivo desse consumo ter crescido tanto.

Muitas pessoas já ouviram falar sobre colágeno em algum momento, e muito provavelmente por ver em algum lugar sobre ele ajudar em tratamentos de beleza, já que ele é um dos preferidos por pessoas que fazem tratamentos estéticos, a fim de melhorar a elasticidade e rejuvenescer a pele.

 

O que é colágeno?

Alanderson Alves Ramalho, especialista em nutrição humana e saúde, mestre em saúde coletiva e doutor em saúde pública e meio ambiente, explica que o colágeno é uma das principais proteínas do tecido conjuntivo e por esse motivo é muito abundante no corpo humano. Ela é produzida naturalmente pelo organismo e tem como função principal manter a união e firmeza das células, sendo também indispensável para formação de tecidos presentes nas articulações, como cartilagens e ligamentos, por exemplo.

Devido sua abundância no organismo e sua relação diretamente proporcional no envelhecimento da pele, tem cada vez mais importância na indústria cosmética por conferir firmeza, elasticidade, resistência e sustentação para a pele, além de melhorar a saúde de cabelos, unhas e barreira intestinal.

 

Para que serve o colágeno?

Luciane Scatone, dermatologista, com mestrado e doutorado também em dermatologia, também ressalta que o colágeno é responsável pela e sustentação da pele e que sem ele ocorre a flacidez e a perda de elasticidade. Mas assim como contribui para a resistência e elasticidade da pele, ele faz o mesmo por ligamentos e tendões, para que o corpo consiga se movimentar. Também presente nas cartilagens, a função desta proteína entre as articulações é impedir que os ossos se choquem, para não acontecer dor e desgaste.

Na área estética, ele tem a função de deixar a pele bonita, firme e sem rugas, já que representa cerca de 70% das proteínas presentes nela. A quantidade de colágeno é a grande diferença da pele de uma pessoa com 20 e de outra com 70 anos, pois quanto mais tempo de vida se tem, menos colágeno se produz. É aí então que a flacidez e as linhas de expressão começam a surgir.

Essa queda de produção passa a acontecer por volta dos 30 anos, caindo cerca de 1,5% ao ano, e a partir dos 45 essa queda é ainda maior. É geralmente aí onde se começa a notar a diferença. Nas mulheres, nos primeiros anos da menopausa, acontece uma queda significativa de cerca de 30% da produção.

 

A importância do colágeno

É importante repor o colágeno não apenas por estética, mas principalmente pelo seu papel fundamental na locomoção, e pelo seu papel não menos essencial nas cartilagens, ossos, tendões, além da melhora do sistema circulatório.

Por exemplo, o colágeno de Tipo I, representa cerca de 35% da composição da estrutura óssea e os outros 65% correspondem ao cálcio. Enquanto o papel do cálcio é ser responsável pela rigidez dos ossos, o colágeno proporciona a flexibilidade necessária para evitar que eles se quebrem com facilidade, gerando mais resistência para todo o corpo.

Quando acontece fratura em algum osso, ter um bom estoque de colágeno no organismo, pode significar uma recuperação mais acelerada.

 

Os tipos de colágeno 

Existem diversos tipos de colágeno e eles têm diferentes atividades participando da formação de alguma parte do nosso corpo. O colágeno tipo I, faz parte dos tendões. Os de tipo X, XI e XII participam da composição das cartilagens.

Aqui vamos detalhar aqui as funções de alguns:

Tipo I

É o mais comum, encontrado em locais que recebem grandes tensões e necessitam de mais resistência, como ossos, pele, cartilagens, tendões e até a córnea. Também reduz o aparecimento de rugas e linhas de expressão; por isso, é bastante utilizado em tratamentos estéticos.

Tipo II

Possui a mesma estrutura do colágeno de tipo I, encontrado em cartilagens, discos invertebrais e olhos. Indicado para tratamento de artrose, por ajudar a restabelecer as cartilagens de articulações.

Tipo III

Por conta de sua elasticidade, entre outros lugares, ele é presente em músculos, nas artérias (incluindo a aorta), pulmões, músculos dos intestinos, útero, fígado, baço e rins.

Tipo IV

Suas moléculas se prendem umas às outras pelas extremidades, formando uma espécie de rede ou tela. Presente nos rins, ele tem a função de auxiliar na sustentação e filtração.

Tipo V

Presente em regiões que recebem grandes tensões, assim como o tipo I, ele oferece aos tecidos do corpo resistência e elasticidade para suportar vários fatores. Encontrado nos tendões, ossos, pele, placenta e no sangue.

Tipo VI

Encontrado nos discos invertebrais, pele, placenta e sangue.

Tipo VII

Encontrados em membranas e células corioamnióticas (presentes na gestação), placenta e pele.

Tipo VIII

Localizado na membrana epitelial que reveste a parte interior dos vasos sanguíneos (um tipo de pele).

Tipo IX

É um componente proteico dos órgãos e sua função é manter as células juntas, fazendo com que exista resistência às possíveis pressões. Está associado ao tipo II e pode ser encontrado em cartilagens, retina e córneas.

Tipo X

Presente em cartilagens.

Tipo XI

Interage com o tipo II e é encontrado em discos invertebrais.

Tipo XII

Um dos que também é encontrado em regiões que recebem grandes tensões, como tendões e ligamentos. Se associa aos tipos I e III.

Os quatro primeiros tipos são os mais conhecidos e suplementados.

 

Benefícios do colágeno

Agora já se sabe o que é colágeno e a sua importância para o sistema articular, tendões e ligamentos, mas não é só isso; ele é recomendado para pessoas com osteoporose, osteoartrite e artrose, por melhorar a integridade dos ossos, mantendo-os saudáveis e fortes. O colágeno hidrolisado reduz a perda da proteína e dessa forma, a doença não avança rapidamente, o que aumenta a mobilidade e reduz a dor.

Responsável pela estrutura de vários tecidos, ele também contribui na dos vasos sanguíneos, auxiliando na prevenção de doenças como a hipertensão e melhorando a saúde cardiovascular. Por conta de sua elasticidade, ele consegue se dilatar com facilidade, permitindo a melhor circulação do sangue. Quando não há colágeno suficiente, pode ocorrer o enfraquecimento das artérias, aumentando o risco de infarto ou AVC.

Além disso, o colágeno ainda ajuda a proteger as paredes do estômago contra problemas gastrointestinais como a úlcera gástrica.

Por promover a síntese de proteínas musculares, como, por exemplo, a creatina, o colágeno também contribui para o bom funcionamento dos músculos, além de colaborar para o aumento de força, de massa muscular e até para evitar a perda dela, que acontece com o passar dos anos. Dessa forma, pode ser uma alternativa de fonte de proteína para quem não pode recorrer à proteína do leite (whey protein) por conta de alguma restrição alimentar, assim, além de contribuir para o ganho de massa muscular, pode ajudar a diminuir a gordura corporal.

O colágeno ainda:

  • Fortalece cabelos e unhas;
  • Hidrata, dá firmeza e elasticidade à pele, evitando rugas, linhas de expressão e o seu envelhecimento precoce;
  • Ajuda a evitar flacidez;
  • Protege as articulações contra desgastes;
  • Ajuda a evitar estrias e celulite;
  • Acelera o metabolismo.

 

Por que utilizar?

Geralmente é bastante utilizado por mulheres com mais de 50 anos, mas isso não é uma regra, ainda mais sabendo que não existe apenas um tipo e que podem ser suplementados com objetivos diferentes.

Como o corpo desacelera a produção de colágeno após os 30 anos, é interessante iniciar a suplementação dessa proteína a partir daí, seja com objetivo estético ou para a saúde de ossos, cartilagens ou aumento do colesterol bom, e pode ser uma aliado interessante para diminuir o risco de doenças cardiovasculares.

Também pode ser utilizado para a saúde intestinal. Há suplementos com fórmulas aprimoradas para estabelecer equilíbrio intestinal, que ajudam a realinhar e fortalecer células que formam essa estrutura.

Quem não ingere colágeno na quantidade necessária em sua alimentação, também deve inseri-lo em sua dieta. Para saber se é o caso, a pessoa deve consultar um nutrólogo ou nutricionista, pois se já consome a quantidade necessária, o consumo exagerado será eliminado através da urina e pode até sobrecarregar os rins (em raros casos).

Há fatores além da alimentação que contribuem para a redução da produção de colágeno pelo nosso organismo, como sedentarismo, efeito sanfona (ganho e perda de peso), alterações hormonais, tabagismo, poluição, álcool, outras drogas, uso de cosméticos e principalmente a exposição ao sol.

É possível encontrar uma variedade de produtos à base dessa proteína, disponibilizados em comprimidos, cápsulas ou em pó, como colágeno hidrolisado (um colágeno que foi quebrado em partes menores para a melhor absorção do organismo), ou o tipo II, em pó e em cápsulas. Essas opções são geralmente usadas para prevenir e controlar doenças como a osteoporose.

Há ainda muitos cremes com colágeno em sua composição, utilizados em benefício de pele, cabelos e unhas.

 

E quais são os alimentos que contém colágeno?

Alimentos proteicos e ricos em aminoácidos, vitamina C, silício, zinco e selênio são fontes de colágeno e são essenciais para que o nosso corpo produza essa proteína. Carnes brancas e vermelhas (principalmente as partes com cartilagens e ossos), ovos, derivados de leite, frutas cítricas e vermelhas, feijão, lentilha, ervilha, aveia, soja, castanhas, amêndoas e nozes são alimentos que fornecem colágeno.

Um fator importante para que a proteína não se perca, é o preparo. Assá-los ou cozinhá-los no vapor e não armazená-los por muito tempo na geladeira, pode garantir isso.

Alimentos como laranja, acerola, limão, manga, abacaxi, abacate, kiwi, caju, mamão, feijão preto, espinafre e algas também contribuem para que o organismo absorva melhor o colágeno ingerido e estimulam a sua produção natural.

Ramalho, explica que como o colágeno é produzido naturalmente pelo nosso organismo. Um estilo de vida com alimentação adequada e saudável, prática de atividade física regular, sono regular, entre outros hábitos saudáveis serão suficientes para produção de colágeno que o organismo necessita.

Sobre a suplementação de colágeno, ele deixa uma informação importante. “O conjunto de evidências científicas ainda são insuficientes para uma conclusão de como, quando e quanto deve-se suplementar. Embora existam estudos científicos que apontem melhoras significativas, a maior parte dos estudos não observaram diferença quando comparados grupos de pessoas com hábitos saudáveis que suplementaram colágeno com grupos que não suplementaram.” – afirma o nutricionista.

Luciane, complementa a afirmação ao contar que muitos estudos vêm sendo realizados demonstrando benefícios da suplementação de colágeno hidrolisado na melhora e atenuação de sinais do envelhecimento quando utilizado por tempo prolongado. “Mas ainda é um assunto bastante controverso e debatido. É sabido que quando associado a outros tratamentos da pele tanto tópicos quanto tecnologias, incluindo bioestimuladores, são vistos maiores e melhores resultados”, defende a dermatologista.

Caso a pessoa opte pela suplementação,algumas dicas serão encontradas logo abaixo.

 

Como escolher o suplemento certo?

  • Pele, cabelos e unhas: colágeno hidrolisado.
  • Articulações: colágenos tipo I e II.
  • Intestino: combinação de colágeno, aminoácidos, fibras, nutrientes naturais com efeitos anti-inflamatórios.
  • Estimulante de produção de colágeno: aminoácidos, vitaminas e minerais necessários para a produção.
  • Ganho de massa muscular: colágeno hidrolisado em peptídeos, com vitaminas A e C que podem potencializar a ação de suplementos feitos com essa proteína.
  • Ossos: fórmulas com colágeno tipo I, cálcio de algas marinhas, vitaminas D3 e K2, magnésio e outros nutrientes.

Eles devem ser consumidos em horários distantes das refeições (geralmente em jejum de manhã, ou à noite, antes de dormir), diluídos em água ou sucos de frutas cítricas, pois elas são ricas em vitamina C, que ajuda na absorção desta proteína.

A dermatologista alerta para o fato de que se a procedência e o laboratório forem de referência, provavelmente não haverão consequências, a não ser que o indivíduo tenha algum problema gástrico.

 

Mitos sobre o colágeno 

Colágeno engorda

Não. Ele não possui uma quantidade relevante de calorias.

Colágeno acaba com flacidez e estrias

Não. O consumo ajuda na prevenção contra a flacidez, estrias e celulite, mas não elimina problemas já existentes.

Gelatina é uma ótima fonte de colágeno

Errado. Apesar de contê-lo em sua composição, ela é uma fonte pobre da proteína.

 

Coloque em prática 

Luciane defende que a indicação da suplementação bem como a indicação de cada tratamento é individualizada e explica que apesar de a perda do colágeno ter início por volta dos 25 anos, assim como tudo na medicina, cada caso é um caso e tende a ser avaliado por um profissional.

Hoje com a facilidade da informação na internet, se lê muita coisa e na mesma medida que pode nos ser muito útil, muitas vezes também pode trazer propagandas de produtos sem efeitos, e por isso a importância de individualizar cada atendimento com a análise de um profissional.

Baseado em tudo o que foi dito aqui, o uso do colágeno pode trazer resultados positivos e pode ser adotado em casos de:

  • Enfraquecimento dos ossos, como em casos de osteoporose e osteopenia;
  • Enfraquecimento de articulações e ligamentos;
  • Pele fina ou desidratada;
  • Surgimento de linhas de expressão e rugas;
  • Aumento de flacidez e perda de elasticidade da pele;
  • Surgimento de estrias;
  • Diminuição da espessura dos fios de cabelo.

Isso após a avaliação qualificada, que vai indicar os alimentos que você deve priorizar, as quantidades e o uso de um suplemento caso seja necessário.

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