Redes sociais afetam autoestima e saúde mental 

Brasileiros passam, em média, 3 horas e 41 minutos nas plataformas e isso não é bom

16 de junho de 2023 - às 17h05 (atualizado em 28/11/2023, às 16h04)

Homem de terno posa em frente a uma casa grande e um carrão
Crédito:

Envato

Escrito por

Dayana Bonetto

Redatora Let's Move 360

Com 131 milhões de contas ativas e 127,4 milhões de usuários únicos, o Brasil ocupa o terceiro lugar no ranking dos países com maior uso de redes sociais no mundo. Segundo  relatório da Hootsuite e We Are Social, em 2022, os brasileiros dedicaram, em média, cerca de 3 horas e 41 minutos por dia navegando nessas plataformas. A tese de mestrado defendida pela psicóloga Luiza Seabra Fagundes, na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), de 2019, aponta a relação entre o tempo de exposição às redes sociais e a autoestima. De acordo com este estudo, quanto mais as pessoas utilizam, maior é a tendência de comparação com os outros, o que resulta em um impacto negativo na autoestima.

Suzana Avezum, diretora executiva do Departamento de Psicologia da SOCESP (Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo), destaca que isso acontece porque as redes sociais estabelecem padrões de beleza, sucesso, felicidade e amor perfeito. Segundo ela, aqueles que não se encaixam nessas diretrizes são rotulados como “fracassados”. A partir desse cenário é que os problemas emocionais surgem.

E o alerta recai sobre transtornos como ansiedade e depressão. Suzana explica que as relações virtuais eliminaram o contato real e a conexão física nas interações, o que resulta em um distanciamento da realidade e favorece o surgimento de estados de incerteza. Como consequência desse fenômeno, as pessoas enfrentam dificuldades para responder à pergunta fundamental “quem sou eu?”.

O psiquiatra Rodrigo Ramos também ressalta os impactos das redes sociais na saúde mental. Ele aponta que o uso excessivo dessas plataformas pode causar transtorno dismórfico corporal e transtornos alimentares. Ramos explica que o transtorno dismórfico é caracterizado pela percepção distorcida da autoimagem, ou seja, a pessoa enxerga um defeito em si que apenas ela vê, o que acaba afetando sua sociabilidade. O  psiquiatra acrescenta que esse transtorno faz parte do espectro obsessivo-compulsivo, em que os problemas do mundo interno são projetados no mundo externo.

Com relação ao transtorno alimentar, ele cita anorexia, bulimia e compulsão alimentar. No caso da anorexia, a pessoa evita comer a ponto de perder muito peso sem perceber. Na bulimia, ocorre a compulsão alimentar seguida de comportamento purgativo, como vômito ou excesso de atividades físicas após a ingestão do alimento, com o objetivo de eliminar o que foi consumido. Nesse sentido, Ramos acredita que as redes sociais tornaram-se um problema para quem é vulnerável. 

O psiquiatra alerta sobre as pessoas que buscam os padrões impostos e fazem de tudo para evitar rejeição. Ele cita, por exemplo, os filtros utilizados em fotos e vídeos. Para Ramos, todos desejam ter a beleza publicada nas plataformas. Esse tipo de comportamento reflete no setor estético. O “antes e depois” de famosos tem levado muitas pessoas a buscarem soluções ou um corpo considerado inatingível. 

De acordo com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), os procedimentos mais comuns são a lipoaspiração (15,5%), implante de silicone (14,1%) e abdominoplastia (10,4%).

Segundo o cirurgião plástico Laercio Guerra, nos últimos anos, as redes sociais têm influenciado as cirurgias estéticas e muitos procedimentos são realizados por profissionais não capacitados. Ele destaca que é imprescindível que as pessoas façam escolhas conscientes ao buscar esses procedimentos, optando por especialistas qualificados e confiáveis. Guerra ressalta que essa precaução evita riscos e insatisfações decorrentes de intervenções realizadas por indivíduos despreparados.

 

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