Atividades físicas para crianças com autismo: benefícios e qualidade de vida

Descubra como exercícios podem melhorar a vida das crianças com autismo

14 de agosto de 2023 - às 12h00 (atualizado em 5/4/2024, às 08h56)

Escrito por

Dayana Bonetto

Redatora Let's Move 360

Atividades físicas para crianças com autismo são fundamentais em muitos aspectos. Além de promover a saúde e o bem-estar, elas desempenham papel significativo na melhoria da qualidade de vida dessas crianças. Douglas Vieira Machado, pós-graduado em psicomotricidade para crianças e adolescentes com autismo (CBI of Miami) e psicomotricista na clínica Arte Psico, destaca que a prática regular de exercícios físicos proporciona a liberação de dois hormônios importantes: dopamina e endorfina. “Ambos são conhecidos como hormônios do bem-estar, que, por sua vez, ao estarem mais presentes na corrente sanguínea de indivíduos com autismo proporcionarão maior bem-estar emocional, melhorando a socialização e outras atividades diárias” , afirma. Além disso, Machado explica que a criança autista tem como característica a hipotonia, ou seja, uma condição em que os músculos do corpo apresentam redução na firmeza e na resistência natural desde o nascimento. Como consequência disso, ela apresenta um corpo mais frágil e menor coordenação motora. “Muitas crianças e adolescentes com autismo apresentam baixo tônus muscular. Isso afeta a postura deles em muitos casos e também influencia os movimentos naturais do dia a dia. Ao praticar exercícios físicos, elas podem se desenvolver melhor e evitar dores articulares”, destaca. 

Além disso, Machado ressalta que as atividades físicas vão ajudar os autistas em outras áreas, nas quais costumam enfrentar dificuldades. “A prática dos exercícios regulares vai melhorar a parte social, o desenvolvimento acadêmico e, ao longo do tempo, proporcionarão mais independência em passeios ou lugares específicos. A melhora no sono, ansiedade, depressão e comportamentos agressivos serão observados com o desenvolvimento físico”, afirma.

Machado explica também que ao fazer exercícios físicos, a criança e o adolescente terão mais controle sobre seus corpos. “Eles entenderão melhor o funcionamento, o que os auxiliará a controlar possíveis movimentos de agressão, tanto em si próprios quanto em outros indivíduos”, diz.

Segundo estimativas globais da Organização das Nações Unidas (ONU), o Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) atinge de 1% a 2% da população mundial, o que equivale a aproximadamente 2 milhões de pessoas apenas no Brasil. Nesse contexto, o impacto do TEA ganha ainda mais relevância quando se observa que, em 2000, os EUA registraram 1 caso de autismo a cada 150 crianças. Porém, em 2020, essa taxa saltou de forma expressiva para 1 a cada 36 crianças, conforme dados divulgados pelo Centers for Disease Control and Prevention (CDC). É importante ressaltar que esses dados são anunciados com um atraso de três anos após a coleta.

Atividades físicas para crianças autistas: orientações para pais e cuidadores

Machado ressalta que escolher as atividades físicas ideais para crianças autistas é um processo que requer sensibilidade e compreensão das necessidades individuais. “O melhor jeito de identificar essas necessidades é observar as crianças no que elas gostam de fazer, também como se movimentam diariamente, com o que brincam e os ambientes que preferem estar”, orienta. Neste sentido, ele indica estímulos com atividades do dia-a-dia. “Podemos incentivá-las a jogar bola com os membros superiores e inferiores, utilizando direita e esquerda, se a criança gosta desse tipo de brincadeira. Por exemplo, se moramos em um local com escadas, observamos se a criança usa as duas pernas para subir e descer os degraus e vamos treinando os movimentos corretamente aos poucos, evitando desenvolver apenas um dos lados. Reforçamos esses pequenos treinos, sem que a criança muitas vezes perceba que está fazendo exercícios específicos, utilizando brinquedos de sua preferência, como carrinhos e bonecas”, explica. 

No entanto, Machado destaca que é importante considerar os desafios sensoriais, pois algumas crianças autistas podem ser sensíveis a estímulos táteis, visuais ou sonoros. “É possível utilizar diversas estratégias, desde que conheçamos as crianças. Eu atendo crianças e adolescentes, e cada um tem suas particularidades. Existem adolescentes que pedem para ouvir músicas durante o atendimento; outros gostam de falar sobre assuntos específicos. Assim, no intervalo das atividades, fazemos pesquisas sobre aquele assunto para termos maior compreensão e entendimento. Há crianças que gostam muito de carrinhos, animais ou instrumentos musicais, utilizamos esses brinquedos como reforçadores nos intervalos dos exercícios propostos”, esclarece. 

Atividades físicas para crianças autistas

Machado destaca que orientar atividades físicas para autistas pode ser um desafio devido à diversidade dos níveis do transtorno. No entanto, existem algumas que podem ser benéficas para esse grupo:

  • Natação: beneficia o desenvolvimento motor e proporciona uma abordagem suave;
  • Futebol: promove interações sociais, coordenação e trabalho em equipe;
  • Judô: ajuda na concentração, autocontrole e no desenvolvimento físico;
  • Muay Thai: permite liberar energia de forma controlada;
  • Funcional Kids: envolve movimentos variados adaptados às necessidades individuais;
  • Musculação (adolescentes): contribui para o fortalecimento muscular;
  • Basquete: estimula a coordenação e o trabalho em equipe;
  • Ginástica: aprimora o desenvolvimento motor e a flexibilidade;
  • Boxe: pode auxiliar na liberação de tensões e estresse.

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