Efeito sanfona: o papel da célula de gordura no equilíbrio corporal

Durante o emagrecimento, as células de gordura não desaparecem, apenas se esvaziam, por isso é tão importante manter hábitos saudáveis

14 de agosto de 2023 - às 17h17 (atualizado em 28/11/2023, às 11h53)

Cintura de mulher obesa com fita métrica
Crédito:

Envato

Escrito por

Dayana Bonetto

Redatora Let's Move 360

A célula de gordura, também conhecida como adipócito, é esvaziada quando há uma diminuição do excesso de gordura armazenada no organismo, o que normalmente acontece quando alguém perde peso ou queima mais calorias do que consome. Compreender o que ocorre com essa célula quando é fundamental para entender como o corpo lida com as variações de peso, ou o chamado efeito sanfona

 

A personal trainer Lis Oliveira explica que as pessoas costumam focar mais no peso da balança do que na perda de gordura. “Elas perdem massa muscular, ou seja, massa magra. No entanto, continuam com excesso desse tecido adiposo”, ressalta. Oliveira destaca que essa percepção ocorre quando as células de gordura começam a ser esvaziadas e ocorre diminuição da gordura localizada.  “É o momento em que, ao vestir uma roupa, a pessoa fica mais confortável, pois vai ajustar um pouco melhor, evitando apertos incômodos. Mas a célula continua presente no corpo”, afirma a personal.

 

Segundo Leonardo Soares, nutricionista, quando alguém emagrece no sentido de perder gordura, essas células não desaparecem. “Imagine que a célula adiposa é como se fosse um copo de água e a água, a gordura. Ao emagrecer, esse recipiente com gordura esvazia, porém, o copo permanece ali. Portanto, a célula de gordura, mesmo esvaziada, continua presente no corpo”, afirma. De acordo com Soares, a ciência acredita que depois de um tempo essa célula morre. Trata-se do processo conhecido como apoptose celular, que envolve a morte programada da célula. “A suposição é que essa ocorrência aconteça dentro de um período de cerca de 2 a 3 anos”, indica o nutricionista. 

 

Soares ressalta que é por essa razão que o intervalo de tempo após o emagrecimento se mostra extremamente importante. “É nessa fase que  geralmente a pessoa tem mais dificuldade de manter os resultados”, afirma.

 

Formação de novas células de gordura

 

As células de gordura, ou adipócitos, são formadas principalmente durante a infância e adolescência através da adipogênese, um processo de diferenciação das células-tronco em adipócitos. Essas células acumulam lipídios à medida que se desenvolvem, podendo aumentar em tamanho e, em certos casos, em número. 

 

Soares esclarece que isso acontece quando a pessoa faz uma dieta muito extremista, por exemplo. “Inicialmente, ela começa a cortar alimentos que gosta, reduz a ingestão calórica drasticamente e cria um grande déficit energético. No entanto, essa abordagem dificulta a sustentabilidade da dieta. E é nesse ponto que ela volta a consumir todas as calorias que costumava ingerir, e até mesmo mais. Como resultado, engorda. A célula de gordura se enche novamente, mas como não há mais espaço para estocar, o corpo precisa gerar novas células adiposas. Dessa forma, acaba formando novas células para armazenar a gordura excedente”, explica. Soares afirma que esse processo é justamente aquele no qual a pessoa percebe a falta de estabilidade no peso. “Ela enfrenta o efeito sanfona, que remodela o corpo ao criar novas células de gordura”, alerta.

 

Como controlar a formação de novas células de gordura 

 

Para controlar a formação de novas células de gordura, Oliveira orienta a manutenção de hábitos saudáveis mesmo após o emagrecimento. “É preciso controlar o processo de ganho de peso, ou seja, manter práticas como atividade física regular e dieta equilibrada”, ressalta. 

 

Soares completa: “a melhor forma de controlar esse processo de formação de novas células de gordura é basicamente não aderir a dietas extremistas e não consumir calorias em excesso. Por exemplo, se uma pessoa gasta 2.000 calorias ao treinar e começa a consumir 2.500 calorias ou 3.000 calorias, elas poderão se converter em tecido, seja tecido de gordura ou tecido muscular. Isso dependerá do estilo de vida e de quanto a mais ela está consumindo de calorias”, esclarece Soares. 

 

Célula de gordura e gordura visceral

 

De acordo com Oliveira, à medida que novas células de gordura se enchem, o corpo continua a produzi-las, o que pode aumentar o acúmulo de gordura nas vísceras. Essa gordura visceral é armazenada na região abdominal e envolve órgãos internos como o fígado, rins e pâncreas. Esse acúmulo aumenta o risco de desenvolver doenças cardiovasculares, diabetes e apneia do sono. 

 

Fatores de risco

 

  • Doenças cardiovasculares: a gordura visceral está associada a um maior risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares, como hipertensão arterial e doença cardíaca;

 

  • Diabetes: o acúmulo de gordura nas células pode levar à resistência à insulina e ao desenvolvimento de diabetes tipo 2;

 

  • Impacto na função dos órgãos: o excesso de gordura pode sobrecarregar órgãos internos, prejudicando seu funcionamento e aumentando o risco de doenças hepáticas e renais; 

 

  • Síndrome metabólica: o aumento das células de gordura está relacionado à síndrome metabólica, que é um conjunto de condições como hipertensão, níveis elevados de açúcar no sangue e triglicerídeos; 

 

  • Apneia do sono: o acúmulo de gordura no pescoço e região abdominal pode contribuir para a apneia do sono, dificultando a respiração durante o sono;

 

  • Inflamação crônica: o excesso de gordura pode desencadear uma resposta inflamatória crônica no corpo, associada a uma série de problemas de saúde;

 

  • Qualidade de vida: o aumento das células de gordura pode afetar a qualidade de vida, limitando a mobilidade, aumentando o desconforto e influenciando a autoestima. 

 

 

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