Suicídio: entenda quais são os sinais e motivações

OMS: cada 100 mortes registradas, uma ocorre por suicídio

15 de setembro de 2023 - às 18h37 (atualizado em 15/9/2023, às 18h59)

Homem segurando fita amarela representando setembro amarelo
Crédito:

Envato

Escrito por

Soraya Miyajima

Psicóloga e Terapeuta Psicocorporal - CRP 06/ 76205

Há uma probabilidade de você ter conhecido ou escutado uma história de alguém que tentou ou cometeu suicídio. As estatísticas são assustadoras. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), uma a cada 100 mortes registradas, ocorre por suicídio. Entre os jovens de 15 a 29 anos, esta é a quarta causa de morte mais recorrente e a 15ª  causa de mortalidade na população geral. Isto significa mais de 1.900 pessoas que tiram suas próprias vidas por dia. 

Os sintomas de uma pessoa com ideias suicidas são identificados em pessoas com depressão, que apresentam pensamentos ruminantes de uma vida sem propósito,  irritabilidade exagerada,  sentimentos de vingança, raiva,  culpa e vergonha. Avisos, tais como: “seria melhor morrer”, “você vai sentir minha falta”, “sou um fardo, melhor desaparecer”, desapego de seus pertences,  uma melhora súbita,  comportamentos irresponsáveis e perigosos que demonstram desimportância à vida.

Tais sinais estão comunicando dores muito profundas. Tanto, que pode parecer incompreensível para as pessoas, mesmo as do convívio familiar ou amigos, mas é necessário uma intervenção urgente. É comum pensar que seja algo passageiro ou da idade ou até mesmo, que não há motivos que justifiquem tal depressão, uma vez que você pode julgar que essa pessoa “tem tudo”. Há também aqueles que se sentem impotentes por não conseguir ajudar e nem saber como. 

Mas vamos a uma informação interessante, que nos faz olhar para tal situação de maneira mais otimista: o fim da vida, conversa com o início da vida! 

Explico: o período de maior vulnerabilidade de todos nós, foi enquanto bebês dentro do útero de nossas mães. Histórias difíceis, vividas por meio das emoções maternas durante a gestação, deixam suas marcas, que acrescidas de outros eventos desagradáveis ao longo da vida, vão sendo configuradas em formas de comportamentos disfuncionais, porém, adaptados para a sobrevivência. 

O fato de não existir a lembrança ou uma memória vívida, elas estão ali registradas nos nossos corpos. As memórias são intrínsecas e manifestadas em comportamentos, em forma de doenças, físicas e/ou mentais.

Os traumas são constantemente atualizados, ou seja, são sempre engatilhados e voltam à cena sem ao menos serem percebidos como traumas. E, aqui se apresenta o grande problema: como sabemos que estamos mergulhados nas nossas feridas, por vezes, ocultas em nossas histórias tão precoces de vida?

Simplesmente podemos viver a tristeza, o vazio, a raiva, o desânimo quando nos deparamos com perdas, términos e, às vezes, por nada aparentemente, como se fosse o normal ou esperado. Não entendemos o porquê nos comportamos de tais formas e podemos decidir que a única solução possível é acabar com tudo, com a própria vida. Existem muitas camadas inconscientes que estão ativadas num tipo de decisão como essa, nunca é uma birra ou só uma ameaça. 

Muitos conflitos vividos na adolescência, por exemplo, reavivam a vulnerabilidade, devido às mudanças de todos os tipos e é muito possível ser um gatilho para os aparecimentos desses traumas do início da vida. Porém, traumas também ocorrem a qualquer momento.

Então, o que fazer?

Para quem está próximo a alguém em profundo sofrimento, é extremamente importante reconhecer e validar. 

Diga a essa pessoa que você vê o sofrimento dela, ainda que não saiba o que fazer. Abandone nesse momento qualquer sentimento de culpa, vergonha ou fracasso. Se conecte com a pessoa que está ali e esteja presente com ela. 

Perguntar de forma sensível, mas aberta, sobre as ideias suicidas, ajuda a pessoa ter mais consciência ao verbalizar sobre isso, sem tabus e possibilita uma conversa honesta sobre formas de buscar ajuda e recursos possíveis para evitar qualquer ação impulsiva. Ou seja, saiba onde você está pisando com essa pessoa, saiba sobre os sentimentos e os planos dela.

Mantenha esse canal de comunicação, enquanto busca ajuda especializada. Comunique o que você pretende fazer e também o que  sente em relação à ideação dela. Se você é um parente próximo: mãe, pai, filho, irmão, busque ajuda para você também. Um acompanhamento familiar, garante a melhor saúde mental de todos os envolvidos e um desfecho mais positivo.

Com acompanhamento terapêutico em saúde mental, é possível conhecer mais sobre si mesmo, sua própria história, permitindo a ativação da consciência, a regulação das emoções, o fortalecimento da parte saudável que desejou viver e vir ao mundo, restabelecendo formas mais ajustadas e leves para seguir. Sempre há uma possibilidade, uma esperança. 

Existem muitos profissionais especializados e interessados em escutar e ajudar neste momento.

Lembre-se que a vida disse sim, e se sobrepôs a qualquer dificuldade para que estivéssemos aqui. Perceber isso, pode ser o primeiro passo para seguir dizendo “SIM”.  Ser forte é poder ser também vulnerável.

 

Escrito por Soraya Miyajima – CRP 06/76205
CEO da clínica Presente Psicologia. Psicóloga e Terapeuta Psicocorporal. Cuido de você para que você possa se descobrir, se aprofundar, se apropriar do que necessita para melhorar sua qualidade de vida.