Óleos essenciais: conheça seus benefícios

Ainda vista como uma pseudociência por alguns, sua eficácia tem sido comprovada tanto para tratar transtornos mentais, como importante coadjuvante nos tratamentos oferecidos pelo SUS - Sistema Único de Saúde. 

31 de março de 2023 - às 19h51 (atualizado em 12/5/2023, às 21h12)

vidrinhos com óleos essenciais e vaso com rosas
Crédito:

Envato

Escrito por

A busca por tratamentos naturais tem resgatado cada vez mais práticas ancestrais, e a utilização dos óleos essenciais na saúde, por meio da aromaterapia, é só mais uma delas. Ainda vista como uma pseudociência por alguns, sua eficácia tem sido comprovada tanto para tratar transtornos mentais, como importante coadjuvante nos tratamentos oferecidos pelo SUS – Sistema Único de Saúde.

 

O que são os óleos essenciais?

Os óleos essenciais são moléculas orgânicas produzidas e emitidas pelas plantas, por meio de fotossíntese, com diversas finalidades, como a comunicação entre elas, o controle de temperatura, atração de polinizadores e proteção contra predadores.

Estes compostos naturais, também chamados de metabólitos secundários ou resíduos, podem ser extraídos de todas as partes da planta – flores, folhas, frutos, caules, galhos, raízes, sementes, madeira ou casca. E possuem valores nutricionais, farmacológicos e aromáticos, que proporcionam diferentes estímulos no corpo e nas emoções humanas.

 

Uso dos óleos essenciais através dos tempos

Os óleos essenciais são utilizados desde os primórdios da humanidade. Hipócrates, médico grego conhecido como pai da medicina, já recomendava o uso dos óleos por seus poderes medicinais. Há relatos de utilização pelos árabes, que vêm de 1000 A.C. Cleópatra, rainha do Egito, ficou célebre pelo conhecimento e uso dos óleos essenciais.

 

Como surgiu a aromaterapia ?

Em 1928, enquanto pesquisava os óleos essenciais para suas criações na perfumaria, o químico francês Maurice Renné de Gattefossé queimou o braço. Ao utilizar o óleo de lavanda na queimadura, acabou descobrindo seus efeitos terapêuticos.

A partir dos estudos de Gattefossé, com finalidade medicinal, nasceu a aromaterapia, que utiliza os óleos essenciais para tratamentos de saúde e bem-estar.

 

Aromaterapia é uma ciência?

Segundo o biólogo Gleyber Carneiro, um dos fundadores da ONG Kaluana, em Minas Gerais, o que o Conselho Federal de Biologia (CFBio), considera como prática científica é o estudo das plantas para finalidade terapêutica, isso inclui os efeitos dos óleos essenciais no organismo humano. Para ele, a aromaterapia é tratada como pseudociência por falta de informação e preconceito. Muitos acreditam que ela só estimula o olfato, quando há outras vias de uso dos óleos, eles também são absorvidos pelas mucosas e pela pele, através de massagem. “A via do olfato é uma das mais eficientes porque é a região mais próxima do cérebro e tem efeito imediato, mas pelas outras vias o óleo também cai na corrente sanguínea” explica Carneiro.

Outro motivo do preconceito tem a ver com a formação de alguns profissionais. “É importante que o aromaterapeuta tenha conhecimento da anatomia e fisiologia humana, infelizmente, tem gente que faz formação em aromaterapia e não sabe nem onde fica o baço e qual é a função dele. O uso dos óleos essenciais é coisa séria, então exige responsabilidade e conhecimento”, afirma o biólogo.

Tão séria que, se aplicados de maneira adequada, são seguros e trazem diversos benefícios. Estimulam o sistema imunológico, atuam na cicatrização, promovem o alívio de dores, diminuem o estresse e são usados com sucesso na saúde mental.

 

Óleos essenciais no tratamento de transtornos mentais

Alguns óleos, especificamente, têm efeito ansiolítico e calmante, e também ajudam na concentração e centramento. “As moléculas bioquímicas dos óleos essenciais atuam fisiologicamente no sistema nervoso e imunológico e têm o mesmo efeito dos fármacos produzidos em laboratório”, afirma Carneiro.

Ele defende que o uso da farmacologia presente na composição dos óleos essenciais pode ser um potente aliado na recuperação e bem-estar de pacientes, que já vêm fazendo acompanhamento médico.

TDAH, Síndrome do pânico…

Carneiro parte da própria experiência para atestar os benefícios dos óleos essenciais no tratamento do transtorno de déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) e Síndrome do pânico. Ele conta que sofreu com essas duas condições na infância e não teve a oportunidade de fazer um tratamento natural.

“Eu fui medicado com remédios calmantes tarja preta e quando conheci os óleos consegui controlar da mesma maneira minha síndrome do pânico, contudo sem os efeitos colaterais que o remédio provocava” afirma.

Hoje, Carneiro administra um curso voltado para mães que gostariam de utilizar os óleos essenciais de forma mais eficaz e segura em seus filhos, que sofrem com sintomas de ansiedade e TDAH.

…outras doenças 

O biólogo acrescenta que os óleos essenciais podem ajudar não só a prevenir como também a aliviar sintomas das mais diversas doenças emocionais e infecciosas causadas por bactérias, vírus e fungos. “Já existem estudos publicados sobre células imunológicas que foram estimuladas pelos óleos essenciais e outros tipos de óleos, que têm o mesmo poder dos antibióticos, aliás, estes são produzidos pelos fungos, um reino mais próximo das plantas”, exemplifica.

Para Carneiro, nenhuma planta, nenhum remédio, nenhum médico e, muito menos, nenhum terapeuta cura. “A cura vem da reação do próprio organismo da pessoa a um determinado tratamento e dos hábitos que ela cultiva com os cuidados com a própria saúde”, analisa. Ele acrescenta que o óleo essencial é mais um dos recursos existentes hoje para auxiliar a medicina. “Ele se enquadra mais no campo da botânica e da fitoterapia do que da aromaterapia popular, cientificamente falando”.

 

Por que os óleos essenciais são caros?

“Os óleos essenciais são hiper concentrados”, explica Carneiro, pois para extrair uma pequena quantidade de óleo é necessária uma quantidade enorme da planta. “Para se ter uma ideia, para produzir um litro de óleo de rosas é necessário cerca de uma tonelada de pétalas”, exemplifica o biólogo. Por isso eles são caros, contudo, super eficientes se usados na dosagem adequada e de forma correta para cada caso e cada pessoa.

 

O que são óleos carreadores?

É bastante incomum que óleos essenciais puros sejam usados diretamente na pele, pois eles são muito fortes e podem provocar irritações ou mesmo queimaduras. Mas se isso for necessário, eles devem ser diluídos em um óleo carreador, o mesmo que vegetal ou graxo, que são óleos mais gordurosos.

Essa diluição permite espalhar o produto em uma área maior do corpo, além de facilitar a absorção, obtendo assim, todos os benefícios do óleo essencial.

Existem vários tipos de óleos carreadores, mas os mais comuns são óleo de coco, de semente de uva, de girassol, de rícino e até azeite de oliva.

 

Descubra se o óleo essencial é verdadeiro

Para saber se o óleo essencial é 100% puro, basta pingar uma ou duas gotas num papel. Assim que elas evaporarem completamente (pode levar horas), o que deve sobrar no papel é uma mancha seca, pode até ter alguma coloração. Caso o papel fique gorduroso, significa que existe mistura de óleos graxos (vegetal ou carreador).

 

Cuidados

Utilizar os óleos essenciais para cuidar da saúde requer muita atenção. O biólogo Gleyber Carneiro lembra que, ainda que naturais, os óleos essenciais são fármacos, devido à sua alta concentração e composição.

Assim como qualquer medicação, óleos essenciais devem ficar fora do alcance de crianças e animais. Antes de utilizar pela primeira vez qualquer óleo, sem exceção, é necessário fazer um teste antialérgico. Para evitar queimaduras e manchas sérias na pele, não se exponha ao sol após o uso tópico de óleos cítricos, como os da família dos limões.

Carneiro também alerta para o fato de que existem óleos que são proibidos para animais, crianças, idosos, mulheres grávidas e mães amamentando, inclusive há óleos que podem causar convulsões.

Evite automedicação! Mesmo para quem quer usar o óleo por conta própria, o biólogo aconselha que a pessoa faça um curso de aromaterapia antes.

Mas o ideal é buscar ajuda profissional. “Não acho que um aromaterapeuta precisa ter curso superior, mas um bom aromaterapeuta precisa ter o domínio da química do óleo, conhecimento das doenças que ele vai ajudar a tratar, da fisiologia e funcionamento do corpo humano, para fazer a melhor indicação com segurança, o melhor tipo de óleo, a dosagem e como será aplicado”, esclarece Carneiro.

Na hora da compra, busque por um produto com aprovação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

 

Consulte sempre um profissional sério! Aqui no Let’s Move! é possível encontrar um profissional perto de você ou on-line. Utilize a nossa busca!