Síndrome de burnout: saiba o que é, sintomas, prevenção e tratamento

Dificuldades no trabalho podem gerar esgotamento e levar a distúrbio

2 de maio de 2023 - às 15h46 (atualizado em 12/5/2023, às 20h10)

homem estressado em mesa de trabalho
Crédito:

Envato

Escrito por

Margarida Chiarastelli

Redatora

Também é conhecida como síndrome do esgotamento profissional. É um distúrbio emocional causado principalmente pelo excesso de trabalho e possui sintomas, como estresse, esgotamento físico e exaustão extrema resultantes de situações de trabalho desgastante, devido à pressão e responsabilidades. Costuma ser mais comum em profissionais que lidam com esse tipo de cobranças, como médicos, policiais, professores, jornalistas e enfermeiros.

A síndrome de burnout pode acontecer quando o profissional enfrenta situações em que ele, por algum motivo, acredite não ter a capacidade de concluir alguma tarefa que lhe foi designada, podendo levar a um estado profundo de depressão. Por isso, é muito importante buscar ajuda profissional ao notar os primeiros sintomas.

A Associação Nacional de Medicina do Trabalho (ANAMT) publicou em 2018 que, de acordo com pesquisa realizada pela International Stress Management Association (Associação Internacional de Gerenciamento de Estresse), 30% dos mais de 100 milhões de trabalhadores brasileiros sofrem com o problema.

Talita Inamine Amaro, perita judicial trabalhista, com especialização acadêmica em medicina do trabalho e em psiquiatria forense, explica que a síndrome é um conjunto de sinais e/ou sintomas.

“Parece que burnout seria uma nova doença, mas não é. A doença já é bem conhecida, é a depressão. A diferença é tentar alocar o motivo majoritário da depressão no trabalho. Pode ser apenas depressão ou transtorno misto de depressão e ansiedade. Um ponto importante é que é uma doença dependente do trabalho, ao se afastar desse trabalho, a pessoa tende a apresentar melhora”, afirma Talita.

A perita acrescenta que, as empresas, a função e o dia a dia não são o problema. O problema são as relações nesses locais; a relação interpessoal com chefia ou com os colegas de trabalho. “Muito dificilmente uma pessoa vai falar que ficou doente porque tinha que fazer preenchimento de planilha, provavelmente ela vai falar que era exigida o tempo todo, que era cobrada insistentemente”.

 

Síndrome de burnout é uma doença?

Talita explica que de acordo com o CID-10 (Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde), que é um sistema de categorias no qual doenças são classificadas, burnout não tem uma classificação como doença. “Para ser doença, precisa ter critérios de diagnósticos clínicos e burnout não tem. Ela é mais bem explicada pela CID F32, que é a depressão em si”.

Apesar da síndrome aparecer na CID-11 como uma doença ocupacional, Talita esclarece que a classificação ainda não está disponível no Brasil e por isso não é utilizada.

 

Sintomas

A síndrome de burnout causa nervosismo, problemas físicos, como cansaço excessivo,  tonturas e dor de barriga, por exemplo. Quando sentidos com frequência, sintomas como sofrimento psicológico, estresse, falta de vontade de sair de casa ou da cama, podem ser indícios da doença.

Entre os sintomas da síndrome estão:

  • Cansaço físico e mental em excesso;
  • alterações de humor;
  • fadiga;
  • dificuldade de concentração;
  • dor de cabeça frequente;
  • problemas gastrointestinais;
  • alteração do apetite;
  • dores musculares;
  • pressão alta;
  • alterações de batimentos cardíacos;
  • insônia;
  • isolamento;
  • sentimento de fracasso;
  • sentimento de negatividade;
  • sentimento de insegurança;
  • sentimento de incompetência;
  • sentimento de falta de esperança;
  • sentimento de derrota.

Geralmente, os sintomas surgem de forma leve e ficam mais intensos com o passar do tempo, além disso, muitas vezes as pessoas não conseguem identificar esses sintomas. Por esses motivos, o indivíduo pode achar que é algo passageiro e se descuidar, sem saber que algo mais sério pode estar acontecendo. Portanto, é muito importante procurar ajuda profissional para evitar maiores problemas.

 

Diagnóstico

Segundo Talita, o diagnóstico vai depender do suporte clínico que a pessoa receberá. “A busca de um profissional qualificado é o primeiro passo, pois a consulta em saúde mental não é feita apenas pela narrativa. Há um conjunto de informações que são verbalizadas e outras que são observadas no exame psíquico. Então, a determinação diagnóstica dependerá de muitos elementos, que embora pautados no que o paciente diz, nem de longe se limitam a isso”.

A perita diz ser difícil especificar uma estatística, mas crê que em cerca de 30 a 40% dos casos que recebe, as pessoas apresentam quadros em que o trabalho contribuiu significativamente para o adoecimento psíquico.

 

Como prevenir?

Ter hábitos saudáveis ajudam a tratar os sinais e sintomas no início da doença, além de ajudar a impedir o seu desenvolvimento, mas o principal fator para prevenir a síndrome de burnout é adotar estratégias que diminuam a pressão e o estresse no trabalho. Além disso, manter o equilíbrio entre trabalho, vida social, família, lazer e atividades físicas é muito importante para evitar o surgimento do distúrbio.

Algumas práticas ajudam a prevenir a síndrome:

  • Praticar atividades físicas regularmente;
  • participar de atividades de lazer;
  • praticar atividades fora da rotina;
  • evitar o consumo de álcool e outras drogas;
  • conversar sobre o que sente com alguém de confiança;
  • definir objetivos de vida (pessoal e profissional);
  • não se automedicar;
  • evitar contato com pessoas negativas;
  • dormir bem (pelo menos 8 horas).

 

Como tratar?

Os profissionais indicados para dar esse diagnóstico são os psicólogos e os psiquiatras. Após fazer a análise clínica do paciente, eles estão aptos a orientá-lo conforme cada caso.

Basicamente, a síndrome de burnout é tratada com psicoterapia e o tratamento costuma levar de um a três meses para surtir efeito, podendo levar mais tempo de acordo com o caso de cada paciente. Além da terapia, mudanças de hábitos, estilos de vida e nas condições de trabalho podem fazer parte do tratamento, e em alguns casos o uso de antidepressivos e ansiolíticos pode ser recomendado.

Diagnosticada a síndrome, é recomendado que a pessoa tire férias e pratique atividades de lazer que levem a sensações de prazer e bem-estar. Exercícios físicos e de relaxamento são muito recomendados para aliviar o estresse e diminuir os sintomas da doença.

Talita afirma que o tratamento da psicoterapia associada ao uso de medicamentos tem um ótimo prognóstico. Entretanto, ela pondera que, se volta (ao trabalho) e o ambiente mantém-se igual, tende a ter reativação dos sintomas e piora. Às vezes, é necessário adaptação funcional para outro setor ou unidade. Ou mesmo a mudança de empresa”.

Quando a pessoa não segue o tratamento recomendado pelo profissional que a acompanha, os sintomas podem se agravar e causar perda de motivação, distúrbios gastrointestinais e até uma depressão grave.

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