Saúde respiratória e mudanças climáticas: como se proteger

A maior parte dos casos de doenças respiratórias ocorre em períodos de temperaturas frias e baixa umidade

16 de agosto de 2023 - às 15h59 (atualizado em 28/11/2023, às 17h18)

Mulher usando bombinha para respirar
Crédito:

Envato

Escrito por

Dayana Bonetto

Redatora Let's Move 360

Equilibrar saúde respiratória e mudanças climáticas tem se tornado uma tarefa desafiadora. Estamos lidando com flutuações consideráveis, mesmo durante a estação de inverno. As manhãs começam geladas, seguidas por aumento de calor durante a tarde, enquanto os ventos frios sopram ao entardecer e as noites se tornam ainda mais frias. Essas variações são agravadas pelo clima seco predominante, o que cria um ambiente propício para o surgimento de doenças respiratórias, ou seja, que podem afetar estruturas ou órgãos do sistema respiratório, como nariz, laringe, faringe, traqueia e pulmão.

 

Segundo Renato Kfouri, infectologista e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), tradicionalmente temos sazonalidade dos vírus respiratórios de uma maneira geral. “A maior parte dos casos aparecem no outono e no inverno, épocas que concentram as temperaturas mais frias e com menos umidade, o que favorece a multiplicação desses vírus”, alerta Kfouri. 

 

Além disso, ele ressalta que, nesse período, para se manterem aquecidas, as pessoas tendem a ficar em locais sem circulação de ar, o que contribui para as consequências na saúde. De acordo com Kfouri, essa realidade de mudanças climáticas faz com que os vírus ultrapassem os períodos comuns em que aparecem. Isso significa que, em muitos casos, esses quadros virais podem desencadear e agravar doenças pré-existentes. “No frio, a proximidade em ambientes com pouca ventilação potencializa a propagação de vírus respiratórios e suas complicações, incluindo hospitalizações, pneumonias e suas consequências, como o aumento do infarto e AVCs, porque muitas vezes esses quadros virais são desencadeadores e descompensadores das doenças de base, além de serem inflamatórios no sentido de causar essas doenças cardiovasculares. À medida que se desorganizam essas estações do ano, isso é distribuído em outras épocas do ano”, afirma. 

 

Saúde respiratória: consequências da umidade baixa e poluição atmosférica

 

Neste período de inverno, estamos vivenciando grandes variações de temperatura, com dias frios seguidos de dias secos e quentes. E, quando a umidade relativa do ar está muito baixa, sem chuvas no horizonte, um problema aparece com mais força: a poluição atmosférica. De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), estimam-se mais de 4 milhões de óbitos anuais globalmente decorrentes dos poluentes.

 

Kfouri explica que a propagação ou disseminação de substâncias poluentes no ar está ocorrendo em menor extensão do que o normal. Isso significa que existe concentração local, o que aumenta as chances de problemas de saúde. “A dispersão de poluentes está menor e a poluição funciona como um irritante das vias aéreas, predispondo a infecções. Portanto, tanto na questão do clima quanto na questão da poluição, temos um impacto que pode ser prejudicial para as doenças respiratórias”, ressalta.  Ele completa: “A desorganização de um padrão de circulação de ar e o aumento da poluição podem alterar a sazonalidade de ocorrência das doenças respiratórias, o que afetará várias faixas de idade, mas algumas serão mais afetadas, como aqueles nos extremos de idade, como bebês e idosos, e indivíduos com doenças pré-existentes, como asma ou HIV”, ressalta. 

 

Doenças respiratórias: agudas e crônicas

 

As doenças respiratórias afetam vias aéreas superiores e inferiores, dividindo-se em agudas e crônicas. A diferença está no tempo de duração e tratamento de cada uma. 

 

De modo geral, as doenças respiratórias agudas manifestam-se com início rápido, durando até três meses, com tratamento breve, algumas podendo ser contagiosas. Em contrapartida, as doenças respiratórias crônicas surgem gradualmente, persistindo por mais de três meses e requerendo tratamento que pode envolver o uso de medicamentos por longos períodos. Embora uma doença aguda possa evoluir para uma complicação crônica, isso depende do quadro clínico do paciente, mas não é uma regra inflexível.

 

Doenças respiratórias agudas

 

  • Resfriado: causado pelo rinovírus, é um vírus da família Picornaviridae, que causa resfriados com sintomas como nariz congestionado, espirros e coriza. Ele se espalha facilmente entre pessoas, especialmente em ambientes fechados;

 

  • Gripe: causada pelo vírus influenza. Provoca sintomas como febre, dor de cabeça, tosse seca e outros desconfortos. Pode durar de três a seis dias, podendo causar complicações;

 

  • Faringite: é uma inflamação na garganta que pode ser causada por infecções virais ou bacterianas. Isso leva a sintomas como dor na garganta, febre e dificuldade ao engolir; 

 

  • Bronquite aguda: é uma condição em que os brônquios, as vias aéreas nos pulmões, ficam inflamados devido a infecções virais. Isso resulta em sintomas como tosse, coriza, febre e, em alguns casos, chiado no peito e dificuldade para respirar;

 

  • Pneumonia: é uma doença que afeta o funcionamento dos pulmões, causada por infecções de fungos, vírus ou bactérias. Seus sintomas incluem falta de ar, febre, tosse com produção de catarro e dor ao respirar. Essa condição pode variar em gravidade e requer tratamento médico adequado;

 

  • Rinite: inflamação da mucosa nasal, geralmente causada por alergias, resultando em coriza, entupimento do nariz e espirros;

 

  • COVID-19: doença respiratória causada pelo vírus SARS-CoV-2, variando desde sintomas leves semelhantes à gripe até complicações graves;

 

Doenças respiratórias crônicas

 

Condições de longa duração que afetam a saúde pulmonar:

 

  • Asma: inflamação das vias aéreas, causando estreitamento e produção excessiva de muco, levando a dificuldades respiratórias;

 

  • Rinite crônica: forma mais persistente da rinite, com tratamento focado em controlar os sintomas alérgicos;

 

  • Doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC): grupo de doenças pulmonares que obstruem o fluxo de ar, incluindo bronquite crônica e enfisema;

 

  • Tuberculose: infecção bacteriana que afeta principalmente os pulmões, causando tosse persistente, febre e perda de peso;

 

  • Outras Doenças Crônicas e Hereditárias: condições como a fibrose cística, que resulta em muco viscoso nas vias aéreas, propenso a infecções e complicações.

 

10 dicas de como prevenir doenças respiratórias

 

  • Higiene das mãos: lave frequentemente as mãos com água e sabão, especialmente após estar em locais públicos;

 

  • Evite contato próximo: mantenha distância de pessoas doentes e evite aglomerações, principalmente em épocas de epidemias;

 

  • Vacinação: mantenha as vacinas atualizadas, incluindo a vacina contra a gripe sazonal;

 

  • Ambientes ventilados: mantenha ambientes bem ventilados para evitar a concentração de vírus e germes no ar;

 

  • Hidratação: beba bastante água para manter as vias aéreas úmidas e facilitar a eliminação de secreções;

 

  • Alimentação saudável: consuma uma dieta balanceada rica em vitaminas e nutrientes que fortaleçam o sistema imunológico;

 

  • Atividade física: pratique exercícios regularmente para manter o sistema respiratório saudável e melhorar a capacidade pulmonar;

 

  • Evite tabagismo: não fume e evite exposição ao tabaco passivo, pois o tabagismo é um fator de risco para diversas doenças respiratórias;

 

  • Higienização respiratória: ao tossir ou espirrar, cubra a boca e o nariz com um lenço ou com o cotovelo, evitando espalhar partículas no ar;

 

  • Ambientes livres de alérgenos: reduza exposição a alérgenos, como poeira, ácaros e mofo, mantendo ambientes limpos e arejados.

 

 

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