Problemas sexuais após o câncer atingem mulheres que fizeram tratamento contra a doença

Ressecamento, atrofia e estreitamento vaginal são desafios comuns. Saiba como enfrentá-los 

24 de outubro de 2023 - às 12h36 (atualizado em 24/10/2023, às 12h38)

Mulher de calcinha vermelha
Crédito:

Envato

Escrito por

Dayana Bonetto

Redatora Let's Move 360

Problemas sexuais após o câncer, ou disfunções sexuais, atingem grande parte das mulheres que passaram por tratamentos contra a doença. Muitas delas enfrentam falta de desejo, dificuldade em se excitar, dor durante o sexo e dificuldade para atingir o orgasmo. Cerca de 90% dessas mulheres tem algum tipo de problema sexual. É o que destaca a sexóloga Camila Gentile. “O tratamento do câncer pode afetar a saúde sexual das mulheres, causando problemas como ressecamento vaginal, atrofia e estreitamento da vagina. O ressecamento vaginal, que pode ser desencadeado por tratamentos como quimioterapia e terapia hormonal, pode resultar em desconforto e dor durante o sexo. A atrofia vaginal envolve a redução da espessura, elasticidade e lubrificação das paredes vaginais, frequentemente relacionada a terapias hormonais, o que pode causar desconforto, dor e até sangramento durante a atividade sexual. Além disso, a radioterapia pode levar ao estreitamento da vagina, tornando a penetração dolorosa ou impossível”, esclarece.

 

Além disso, outro problema foi identificado, de acordo com o estudo Disfunção sexual após tratamento para o câncer do colo do útero, publicado na Revista da Escola de Enfermagem, da USP (Universidade de São Paulo), 58,70% das mulheres entrevistadas relataram que o câncer e/ou tratamento afetaram sua vida sexual. Segundo o levantamento, a maioria  teve tipos de câncer mais comuns: câncer de mama (67%); câncer endometrial (6%).

 

Os tratamentos mais destacados foram quimioterapia (78%), radioterapia (54%) e terapia hormonal (47%). A pesquisa indica que 87% das mulheres relataram alguma mudança após o tratamento que impactou negativamente sua saúde sexual e qualidade de vida. Foi constatado que os efeitos colaterais mais comuns são relações sexuais dolorosas (73%), distorção da imagem corporal (54%) e incapacidade de atingir o orgasmo (42%).

 

Segundo Gentile, cirurgias, como uma histerectomia ou mastectomia podem privar mulheres de sensações essenciais para a excitação sexual e o orgasmo. Ela destaca que a radioterapia pélvica, por exemplo, pode levar à estenose vaginal, encurtamento e estreitamento da vagina, tornando a relação sexual dolorosa, se não impossível. 

 

“Existem recursos e estratégias disponíveis para ajudar as mulheres a enfrentar os desafios sexuais e emocionais e a recuperar a intimidade sexual. É essencial procurar um ginecologista ou oncologista especializado em saúde sexual para discutir as melhores opções de tratamento, que serão adaptadas às necessidades de cada paciente. A fisioterapia pélvica também pode ser indicada para resolver problemas físicos e tornar o sexo mais confortável”, pontua.

 

Para Gentile, participar de grupos de apoio é uma alternativa, pois permite compartilhar experiências com outras mulheres que enfrentam situações semelhantes.

 

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