O que é osteopenia e osteoporose?

Embora a osteoporose cause um maior risco de fraturas, não significa que os ossos com osteopenia estejam isentos desse risco

17 de agosto de 2023 - às 11h32 (atualizado em 28/11/2023, às 17h17)

Médico com tablet com imagem de esqueleto, atende senhora idosa
Crédito:

Envato

Escrito por

Dayana Bonetto

Redatora Let's Move 360

A osteopenia é uma condição em que os ossos apresentam menor densidade do que o normal. De acordo com Gustavo Sanchez, médico ortopedista e diretor da Sociedade do Trauma Ortopédico (TRAUMA), trata-se de uma fase intermediária entre ossos saudáveis e a osteoporose. “A osteopenia é uma redução gradual da massa óssea mineral. Esse é um processo que pode ocorrer de forma fisiológica. Com o envelhecimento, é normal que a gente perca a densidade de massa óssea. E isso, em determinado grau, é considerado osteopenia, é como se fosse um osso mais rarefeito. Um grau mais avançado é o que a gente chama de osteoporose”, explica. 

A osteoporose é uma condição em que os ossos se tornam mais frágeis e propensos a fraturas, sendo mais grave do que a osteopenia. A doença pode ocasionar quebras ósseas com facilidade, inclusive com pequenos impactos ou movimentos rotineiros. No entanto, Ana Clara Ribeiro Gazeta, reumatologista e membro da Sociedade Paulista de Reumatologia (SPR), destaca que embora a osteoporose cause um maior risco de fraturas, não significa que os ossos com osteopenia estejam isentos desse risco. “A questão é que a qualidade do osso não é o único fator para avaliar a presença de risco de fratura. Outros elementos, como idade, IMC mais baixo, doenças como artrite reumatoide, diabetes mellitus, neoplasias e o uso de certas medicações, contribuem para um risco mais elevado, sem necessariamente envolver uma alteração na massa óssea”, explica. 

No Brasil, cerca de 10 milhões de pessoas convivem com a osteoporose, uma enfermidade que provoca 200 mil mortes por ano no país, de acordo com o Ministério da Saúde. A doença é mais comum em idosos, especialmente em mulheres após a menopausa, devido às mudanças hormonais que afetam a saúde óssea. Segundo o  Ministério da Saúde, estima-se que cerca de 50% das mulheres e 20% dos homens com idade igual ou superior a 50 anos sofrerão uma fratura osteoporótica ao longo da vida. 

 

Fatores de risco para osteopenia

 

  • Idade avançada: à medida que envelhecemos, a densidade óssea tende a diminuir, aumentando o risco de osteopenia;

 

  • Histórico familiar: ter parentes com histórico de osteoporose ou fraturas pode indicar uma predisposição genética;

 

  • Gênero: embora menos pronunciado do que na osteoporose, mulheres após a menopausa têm maior risco devido às mudanças hormonais;

 

  • Baixa ingestão de cálcio e vitamina D: uma alimentação deficiente nesses nutrientes essenciais enfraquece os ossos;

 

  • Sedentarismo: a falta de exercícios regulares impacta negativamente a densidade óssea;

 

  • Tabagismo: o tabaco prejudica a saúde dos ossos e a circulação sanguínea que os nutre.

 

Fatores de risco para osteoporose

 

  • Idade avançada: quanto mais velhos ficamos, maior a probabilidade de desenvolver osteoporose devido à perda natural de densidade óssea; 

 

  • Histórico familiar: ter parentes com osteoporose ou fraturas aumenta o risco da doença;

 

  • Gênero: mulheres, especialmente após a menopausa, enfrentam uma maior diminuição da densidade óssea devido à queda dos níveis de estrogênio;

 

  • Baixa ingestão de cálcio e vitamina D: a nutrição inadequada prejudica a saúde dos ossos e pode agravar a osteoporose;

 

  • Tabagismo e consumo excessivo de álcool: esses hábitos de vida afetam negativamente a saúde óssea;

 

  • Inatividade física: a falta de atividade física contribui para a perda de densidade óssea;

 

  • Menopausa precoce ou cirurgicamente induzida: a queda abrupta dos hormônios após a menopausa aumenta a chance de osteoporose;

 

  • Uso prolongado de corticosteroides: medicamentos como cortisona podem enfraquecer os ossos;

 

  • Problemas de saúde subjacentes: condições como artrite reumatoide, diabetes e distúrbios hormonais estão relacionados à osteoporose;

 

Diagnóstico: osteopenia e osteoporose

 

Segundo Gazeta, osteopenia e osteoporose são definidas de acordo com a densitometria óssea, um exame que mede a força dos ossos e ajuda a identificar o risco de fraturas. De acordo com Sanchez, normalmente esse exame pode ser feito da coluna, da região proximal do fêmur ou de outras regiões. Gazeta  explica que “a osteopenia ocorre quando o T-score, valor utilizado para avaliar a densidade mineral óssea em comparação com um padrão de referência saudável, está entre menos 1 e menos 2.4, e a osteoporose ocorre quando esse T-score está abaixo de menos 2.5”. Quanto mais baixo o número, maior é a perda de densidade óssea, o que pode indicar maior fragilidade dos ossos e um maior risco de fraturas. 

 

No caso das mulheres, o ginecologista e obstetra Domingos Mantelli explica que normalmente o diagnóstico é dado no período em que ela está na menopausa. “Nessa etapa, ocorre o déficit dos hormônios devido à parada do funcionamento dos ovários. A perda da progesterona é uma das principais causas”, alerta. 

 

Diagnóstico precoce

 

Para Guilherme Chohfi de Miguel, ortopedista e traumatologista especializado em osteoporose, o diagnóstico precoce e a intervenção adequada podem ajudar na gestão da osteopenia e osteoporose. “É o melhor para o paciente, porque a osteoporose, por exemplo, é considerada uma doença silenciosa e que muitas vezes só será diagnosticada após uma fratura. Realizar exames é fundamental para que as fraturas sejam evitadas”, ressalta. 

 

De acordo com Gazeta e Sanchez, ao ter o diagnóstico precoce, é possível identificar as causas, cuidar e evitar intervenções futuras. “Tratar a condição em estágios iniciais é sempre mais favorável do que quando já está em um estágio avançado. Por isso, o diagnóstico precoce oferece vantagens significativas, como prevenir o agravamento da osteoporose e, consequentemente, reduzir o risco de fraturas ao evitar o enfraquecimento ósseo”, orienta.

 

Tratamentos: osteopenia e osteoporose

 

De acordo com a reumatologista Cláudia Goldenstein Schainberg, o tratamento pode variar. Ela ressalta a importância de compreender o quadro, como a possível carência de cálcio ou baixos níveis de vitamina D. Além disso, verificar através do exame de densitometria óssea as condições da densidade mineral óssea.“Os resultados podem indicar o uso de medicamentos para fortalecer os ossos ou evitar a perda óssea”, esclarece. 

 

No entanto, Gazeta destaca que o tratamento não medicamentoso é indicado para todos. “Quanto mais cedo começarmos com medidas, como ajustar a ingestão de cálcio, manter bons níveis de vitamina D, praticar atividade física apropriada, além de consumir proteínas e carboidratos suficientes para evitar perda de peso, mais eficazes essas intervenções se tornam. Isso é válido para quem tem osteopenia, osteoporose e, na verdade, para a população em geral”, indica. 

 

Sanchez alerta que o tratamento para osteopenia tem o objetivo de não deixar que ela evolua para um quadro de osteoporose. “A osteopenia normalmente pode ser tratada até mesmo com uma dieta rica em cálcio e vitamina D”, diz. Porém, Sanchez acrescenta que o tratamento da osteoporose vai além de simplesmente melhorar a densidade óssea reduzida. “Na osteoporose, é necessário utilizar diferentes tipos de medicamentos que afetam o metabolismo ósseo. É possível optar por bisfosfonatos e outras medicações, como a teriparatida, que é um medicamento anabólico. Isso significa que ela estimula a produção de osso”. Além disso, ele destaca que o incentivo para a prática de atividades físicas e o abandono do cigarro também fazem parte do sucesso dos tratamentos.

 

Dicas de prevenção da osteopenia e osteoporose

 

  • Alimentação saudável: consumir alimentos ricos em cálcio é crucial, pois esse mineral fortalece os ossos. Exemplos incluem leite, queijo, iogurte, brócolis e couve. A vitamina D ajuda na absorção do cálcio, sendo encontrada em peixes como salmão e exposição solar moderada;

 

  • Atividade física regular: exercícios que colocam peso nos ossos, como musculação, caminhada e dança, estimulam o fortalecimento. Exemplos de exercícios incluem levantamento de pesos, ioga e corrida leve;

 

  • Exposição solar adequada: a luz solar é uma fonte natural de vitamina D, essencial para absorção do cálcio. Cerca de 15 minutos de exposição ao sol, preferencialmente antes das 10h ou após as 16h, ajuda na produção dessa vitamina;

 

  • Mantenha um peso saudável: o excesso de peso coloca pressão nos ossos e articulações, enquanto a falta de peso pode enfraquecer os ossos. Manter um peso saudável ajuda a preservar a estrutura óssea;

 

  • Evite o tabagismo: fumar prejudica a saúde dos ossos, diminuindo sua densidade mineral. Parar de fumar ou evitar o tabagismo é fundamental para manter ossos fortes;

 

  • Moderação no álcool: consumo excessivo de álcool pode reduzir a absorção de cálcio e afetar a saúde óssea. Limite o consumo a uma quantidade moderada;

 

  • Inclua fontes de colágeno: o colágeno é essencial para a estrutura óssea. Alimentos como carne magra, ovos e gelatina são ricos em colágeno e podem ser adicionados à dieta;

 

  • Fortaleça o equilíbrio: quedas são um risco para fraturas. Praticar atividades como tai chi, ioga e exercícios de equilíbrio ajuda a melhorar a estabilidade e prevenir quedas;

 

  • Evite dietas extremas: dietas muito restritivas podem reduzir a ingestão de nutrientes importantes para os ossos. Priorize uma dieta equilibrada que inclua os nutrientes essenciais;

 

  • Consulta médica regular: consulte um profissional de saúde para avaliar a saúde dos ossos, verificar a necessidade de exames de densitometria óssea e receber orientações personalizadas para prevenir a osteopenia e a osteoporose.

 

 

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