Métodos anticoncepcionais: mitos e verdades

Embora a pílula anticoncepcional seja um dos métodos contraceptivos mais comuns utilizados por mulheres, ainda existem dúvidas e medos em relação ao seu uso

8 de novembro de 2023 - às 10h36 (atualizado em 8/11/2023, às 10h36)

recortes de papeis coloridos representam os vários métodos anticoncepcionais - DIU, diafragma, pílulas...
Crédito:

Envato

Escrito por

Dayana Bonetto

Redatora Let's Move 360

Apesar da grande variedade de métodos anticoncepcionais disponíveis, muitas mulheres ainda preferem utilizar o preservativo e a pílula anticoncepcional. Foi o que revelou um estudo publicado na revista científica The Lancet. Segundo a pesquisa, essa opção tem sido comum entre as jovens, especialmente aquelas com idades entre 15 e 19 anos. Por outro lado, entre as mulheres de 20 a 49 anos, a escolha recai sobre métodos contraceptivos de longa duração, conhecidos como LARC (Long-Acting Reversible Contraceptives), que funcionam sem a necessidade de ações regulares, como tomar pílulas diariamente. Isso inclui o DIU (Dispositivo Intrauterino) e implantes no braço.

 

Thayse Ferro, ginecologista e obstetra, destaca que o DIU é um dispositivo de plástico que é inserido no útero por um médico. “Ele funciona liberando pequenas quantidades de hormônios ou cobre para prevenir a gravidez e pode ser eficaz por vários anos, dependendo do tipo”, esclarece. Já os implantes no braço, Ferro explica que são pequenas varas flexíveis do tamanho de um fósforo que são inseridas sob a pele do braço. “Esses implantes também liberam hormônios que evitam a gravidez e podem ser eficazes por vários anos”.

 

A pílula anticoncepcional surgiu em 1960 e desempenhou um papel significativo na prevenção da gravidez para as mulheres. Antes disso, as opções eram limitadas e incluíam métodos estranhos, como o uso de excremento de crocodilo no Egito Antigo e óleo de cedro na Grécia Antiga. Na Roma Antiga, até mesmo meio limão foi colocado na vagina como método contraceptivo. Além disso, havia versões antigas de camisinhas feitas de tripa de animais e implantes semelhantes ao DIU, mas feitos de ossos. 

 

Métodos anticoncepcionais 

 

Ricardo Bruno, mestre e doutor em Medicina pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, Chefe do Serviço de Reprodução Humana do Instituto de Ginecologia da UFRJ e Diretor Médico da Exeltis Brasil, destaca que hoje em dia, existem vários procedimentos anticoncepcionais e todos são eficazes. “Nos últimos 20 anos, tivemos um grande número de métodos lançados, todos diferentes. Se pensarmos que, no passado, tínhamos apenas pílulas combinadas (estrogênio+progesterona), DIU de cobre e métodos de barreira como camisinha e diafragmas, hoje dispomos de DIU hormonal, DIU de cobre e prata, implante hormonal, anel vaginal, adesivo, pílulas apenas com progestagênio, e até o lançamento de diferentes progestagênios”, ressalta. 

 

Entenda cada método anticoncepcional 

 

  • Pílulas combinadas (estrogênio+progesterona): são pílulas anticoncepcionais que contêm uma combinação de hormônios, estrogênio e progesterona. Elas funcionam inibindo a ovulação e tornando o muco cervical mais espesso, dificultando a passagem dos espermatozoides;

 

  • DIU de cobre: é um pequeno dispositivo inserido no útero que libera cobre, criando um ambiente hostil para os espermatozoides e evitando a gravidez;

 

  • Métodos de barreira (camisinha e diafragma): funcionam bloqueando o contato entre o esperma e o óvulo. A camisinha é uma proteção externa que impede que o esperma entre no canal vaginal. O diafragma é colocado internamente para cobrir o colo do útero e evitar que os espermatozoides entrem;

 

  • DIU hormonal: similar ao DIU de cobre, mas libera hormônios que impedem a ovulação e tornam o muco cervical espesso, dificultando a passagem dos espermatozoides;

 

  • DIU de cobre e prata: Uma variação do DIU que combina cobre e prata para aumentar a eficácia na prevenção da gravidez;

 

  • Implante hormonal: um pequeno dispositivo implantado sob a pele do braço que libera hormônios para prevenir a ovulação e tornar o muco cervical mais espesso;

 

  • Anel vaginal: um anel flexível que a mulher insere na vagina, onde libera hormônios que impedem a ovulação;

 

  • Adesivo: um adesivo colocado na pele que libera hormônios semelhantes aos das pílulas anticoncepcionais para evitar a gravidez;

 

  • Pílulas apenas com progestagênio: são pílulas anticoncepcionais que contêm apenas progestagênio, um hormônio que torna o muco cervical espesso e impede a ovulação;

 

  • Diferentes progestagênios: pílulas que contêm diferentes tipos de progestagênios, que podem funcionar de maneiras ligeiramente diferentes no corpo para prevenir a gravidez.

 

Métodos anticoncepcionais: mitos e verdades

 

Para Bruno, embora a pílula anticoncepcional seja um dos métodos contraceptivos mais comuns utilizados por mulheres, ainda existem dúvidas e medos em relação ao seu uso. Ele ressalta que há quem afirme que tomar a pílula faz mal e causa doenças, e há quem não acredite em nada disso. Para esclarecer essas dúvidas, ele explica o que é mito e o que é verdade no uso da pílula anticoncepcional.

 

O uso da pílula causa aumento de peso –  MITO

 

  • Somente o injetável trimestral de medroxiprogesterona realmente provoca ganho de peso. Em média, há apenas um pequeno edema que causa oscilações no peso.

 

Posso desenvolver trombose fazendo o uso da pílula – VERDADE

 

  • O uso de métodos hormonais contendo estrogênio (todos) pode aumentar o risco de trombose. No entanto, é importante ressaltar que esse risco é pequeno, e o medo e o impacto da notícia são maiores do que a real representatividade do risco.

 

O uso da pílula altera o humor – VERDADE

 

  • Mas, geralmente, essa alteração é positiva, como no caso de alívio da irritabilidade associada à tensão pré-menstrual. Alguns relatos descrevem leves episódios de depressão ou melancolia com o uso de progestágenos.

 

Anticoncepcional causa câncer – MITO

 

  • Até o momento, não há evidências robustas que comprovem essa afirmação. Embora tenha havido especulações sobre o impacto no câncer de mama, não existem provas conclusivas. Na verdade, os contraceptivos hormonais são conhecidos por diminuir o risco de câncer de ovário e intestino.

 

É necessário fazer uma pausa após utilizar a pílula por muitos anos – MITO

 

  • Não é necessário. Se você deseja evitar a gravidez, não há motivo para interromper o uso. Entretanto, é importante mencionar que o método injetável trimestral pode ter mais dificuldade em restaurar a ovulação após a interrupção.

 

Antibiótico corta o efeito da pílula – VERDADE

 

  • Mas, isso ocorre apenas com a rifampicina, um antibiótico usado no tratamento da tuberculose, uma situação muito específica. Outros antibióticos não afetam a eficácia das pílulas anticoncepcionais.

 

Não é necessário fazer a pausa de sete dias e posso emendar uma cartela com a outra – VERDADE

 

  • Sim, é possível usar as cartelas de forma contínua ou estendida, mas isso deve ser feito sob orientação médica, uma vez que pode resultar em sangramentos intermediários.

 

Anticoncepcional prejudica a libido – VERDADE

 

  • Alguns contraceptivos hormonais combinados podem diminuir a libido, mas é importante considerar diversos fatores que afetam a libido antes de atribuir a culpa exclusivamente às pílulas.

 

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