Lúpus: o que é, sintomas, causas e tratamentos
Seu nome científico é Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) e, em casos mais graves, se não for tratado adequadamente, pode ser fatal
2 de agosto de 2023 - às 12h56 (atualizado em 28/11/2023, às 17h24)
Envato
Escrito por
Dayana Bonetto
Redatora Let's Move 360
Segundo o Ministério da Saúde, o lúpus é uma doença inflamatória autoimune, que pode afetar múltiplos órgãos e tecidos, como pele, articulações, rins e cérebro. Seu nome científico é Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) e, em casos mais graves, se não for tratado adequadamente, pode ser fatal.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR), estima-se que 65 mil pessoas no Brasil sejam atingidas por essa condição. Dentre elas, 91% são mulheres, conforme revelado pela Associação Superando o lúpus. Para Cláudia Goldenstein Schainberg, reumatologista, esse resultado pode estar ligado à predisposição hormonal. “É possível que o estrogênio seja uma das causas, mas não é uma coisa conceitual”, pontua.
Tipos de lúpus
Schainberg esclarece que o lúpus Eritematoso Sistêmico é uma doença com várias formas de manifestação:
- Lúpus Cutâneo: é limitada à pele, apresentando manchas vermelhas ou eritematosas, especialmente em áreas expostas à luz solar, como rosto, orelhas, colo (V do decote) e braços.
- Lúpus Cutâneo Articular: além do acometimento da pele, há envolvimento das articulações. Às vezes, também é chamado de lúpus hematológico, pois pode afetar as células do sangue, resultando em baixa das séries (glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas) e causando anemia.
- Lúpus Pulmonar: ocorre inflamação das membranas que envolvem o pulmão (pleura) e o coração (pericárdio), podendo causar dor torácica e dificuldade respiratória.
- Lúpus Renal: essa forma afeta os rins e pode ser especialmente grave, podendo levar à insuficiência renal e, em alguns casos, exigir transplante renal.
- Lúpus Neurológico: o sistema nervoso central é afetado, podendo causar diversos sintomas neurológicos, como dores de cabeça, alterações de humor, problemas de memória e convulsões.
Fatores de risco para o desenvolvimento do lúpus
Segundo Schainberg, a tendência genética é o principal fator de risco. “Uma história na família de alguém que tenha uma doença autoimune, ou o próprio lúpus”, indica. Além disso, ela explica que o sol causa impactos na saúde da pessoa com lúpus. “Sabemos que a radiação solar pode piorar e desencadear lúpus. O sol, através da radiação ultravioleta, estimula na pele substâncias como proteínas que são modificadas. Assim, elas agem como uma substância estranha e o organismo reage contra ela”, esclarece. A reumatologista indica também que o estresse emocional muito forte pode desencadear qualquer doença autoimune; logo, pode ser um fator de risco em uma pessoa que já tem predisposição a ter essa doença.
Sintomas de lúpus: comuns e específicos
Segundo informações do Ministério da Saúde, o lúpus pode se manifestar de forma súbita ou gradual, com sintomas variando de moderados a graves, podendo ser temporários ou permanentes. Os sinais mais comuns incluem:
- Fadiga;
- febre;
- dor nas articulações;
- rigidez muscular e inchaços;
- rash cutâneo – vermelhidão na face em forma de “borboleta” sobre as bochechas e a ponta do nariz. Afeta cerca de metade das pessoas com lúpus. O rash piora com a luz do sol e também pode ser generalizado;
- lesões na pele que surgem ou pioram quando expostas ao sol;
- dificuldade para respirar;
- dor no peito ao inspirar profundamente;
- sensibilidade à luz do sol;
- dor de cabeça, confusão mental e perda de memória;
- linfonodos aumentados;
- queda de cabelo;
- feridas na boca;
- desconforto geral, ansiedade, mal-estar.
Sintomas Específicos
Outros sintomas do lúpus, mais específicos, dependem de qual é a parte do corpo afetada, indica o Ministério da Saúde.
- Cérebro e sistema nervoso: cefaleia, dormência, formigamento, convulsões, problemas de visão, alterações de personalidade, psicose lúpica.
- Trato digestivo: dor abdominal, náuseas e vômito.
- Coração: ritmo cardíaco anormal (arritmia).
- Pulmão: tosse com sangue e dificuldade para respirar.
- Pele: coloração irregular da pele, dedos que mudam de cor com o frio (fenômeno de Raynaud).
- Alguns pacientes têm apenas sintomas de pele. Esse tipo é chamado de lúpus discoide.
Exames para diagnóstico do lúpus
Diagnosticar o lúpus não é uma tarefa simples, pois os sintomas variam de pessoa para pessoa e podem se assemelhar a outras doenças. Até o momento, não existe um exame específico para o diagnóstico definitivo. No entanto, Schainberg explica que alguns estão se tornando comuns e úteis.
- Exame físico minucioso: o médico realiza uma avaliação detalhada do paciente, examinando os órgãos, articulações, pele e outros sistemas do corpo em busca de sinais e sintomas característicos do lúpus.
- Teste de anticorpos antinucleares (ANA): este é um teste de sangue que procura por anticorpos que atacam os núcleos das células do corpo. A presença de ANA é frequentemente associada ao lúpus, embora nem todas as pessoas com lúpus tenham esse resultado positivo.
- Hemograma completo: é um exame de sangue que avalia a contagem e a forma dos glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas. No lúpus, o hemograma pode revelar anemia (baixa contagem de glóbulos vermelhos) e alterações nos glóbulos brancos.
- Radiografia do tórax: esse exame de imagem é realizado para verificar se há inflamação nos pulmões ou nas membranas que envolvem o coração (pleura e pericárdio), que são problemas associados ao lúpus em algumas situações.
- Biópsia renal, em alguns casos específicos: a biópsia renal é realizada quando há suspeita de envolvimento renal no lúpus. Uma pequena amostra do tecido renal é retirada para análise, permitindo aos médicos identificar a gravidade da doença e orientar o tratamento.
- Exame de urina para detectar possíveis alterações renais: A análise da urina pode revelar sinais de inflamação ou lesões nos rins, que são comuns no lúpus renal. A presença de proteínas ou sangue na urina pode ser um indicativo de comprometimento renal.
Qual o tratamento para lúpus?
Segundo o Ministério da Saúde, o tratamento é diferenciado para cada caso, conforme os níveis de intensidade e agressividade da doença.
Lúpus leve:
- Anti-inflamatórios não esteroides para artrite e pleurisia;
- protetor solar para as lesões de pele;
- corticoide tópico para pequenas lesões na pele;
- droga antimalárica (hidroxicloroquina);
- corticoides de baixa dosagem para os sintomas de pele e artrite.
Lúpus graves:
- Alta dosagem de corticoides ou medicamentos para diminuir a resposta do sistema imunológico do corpo (imunossupressores);
- drogas citotóxicas (drogas que bloqueiam o crescimento celular), quando não houver melhora com corticoides ou quando os sintomas piorarem depois de interromper o uso.
Consulte sempre um profissional sério! Aqui no Let’s Move 360 é possível encontrar um profissional perto de você ou on-line. Utilize a nossa busca!