Lipedema: entenda o que é, sintomas e tratamento

É comum em mulheres em idade reprodutiva, muitas vezes confundida com celulite ou obesidade, alerta a médica

18 de abril de 2024 - às 11h47 (atualizado em 18/4/2024, às 11h47)

Perna feminina inchada
Crédito:

Envato

Escrito por

Dayana Bonetto

Redatora Let's Move 360

Lipedema é uma doença vascular crônica, com causas genéticas, caracterizada pelo acúmulo desproporcional de gordura no corpo. Em 2022, foi reconhecida como parte da Classificação Internacional de Doenças (CID). Segundo Valéria Goulart, médica nutróloga e endocrinologista integrativa, com especialização em emagrecimento avançado, embora seja mais comum nas pernas e coxas, o lipedema pode afetar outras áreas, como cintura, quadris, joelhos, tornozelos e até mesmo os braços, dependendo da gravidade da condição. Ela ressalta que é mais prevalente em mulheres na idade reprodutiva e alerta que muitas vezes a condição é confundida com celulite ou obesidade, o que pode levar a atrasos na identificação. “É importante entender as diferenças. O lipedema é causado por um problema crônico nos vasos sanguíneos, levando ao acúmulo excessivo de gordura, principalmente em algumas partes do corpo. A celulite, por sua vez, é caracterizada por irregularidades na pele devido à protrusão de células adiposas, resultando em uma aparência ondulada. Já a obesidade é o excesso de gordura em todo o corpo. Embora essas condições possam estar relacionadas, é essencial reconhecer suas diferenças para um diagnóstico e tratamento adequados”, salienta. 

Fatores de risco

Embora a causa exata do lipedema ainda não seja totalmente compreendida, a médica nutróloga destaca que alguns fatores e hábitos podem contribuir para o desenvolvimento da doença:

  • Fatores hormonais: as mudanças hormonais que ocorrem em diferentes fases da vida podem influenciar o desenvolvimento do lipedema. Por exemplo, durante a puberdade, as alterações hormonais naturais podem desencadear o início da condição. Da mesma forma, a gravidez e a menopausa, períodos em que os níveis hormonais sofrem flutuações significativas, podem agravar os sintomas do lipedema. O uso de certos métodos contraceptivos, como pílulas anticoncepcionais, também pode desempenhar um papel no agravamento da condição;
  • Genética: a predisposição genética também é um fator que contribui para o desenvolvimento do lipedema. Pessoas com histórico familiar da doença têm maior probabilidade de desenvolvê-la. Por exemplo, se a mãe, a avó ou as irmãs de uma pessoa foram diagnosticadas com lipedema, ela tem um risco aumentado de desenvolver a condição. Essa ligação genética sugere uma forte influência dos genes no desenvolvimento e na progressão; 
  • Fatores linfáticos: o sistema linfático é responsável por drenar o excesso de fluidos dos tecidos do corpo. Se houver algum problema nesse sistema, como uma obstrução nos vasos linfáticos, a drenagem adequada pode ser comprometida. Isso pode levar ao acúmulo de líquidos nos tecidos, contribuindo para o inchaço e o aumento do volume das áreas afetadas pelo lipedema.

Sintomas

De acordo com Goulart, os sintomas podem variar em intensidade de acordo com o estágio e a gravidade do lipedema. No entanto, ela cia os mais comuns:

  • Acúmulo anormal de gordura: aumento desproporcional de volume em regiões como pernas e/ou braços, podendo também afetar outras áreas do corpo, como cintura, quadris e até mesmo os braços, em alguns casos. Esse acúmulo de gordura não segue os padrões típicos de distribuição corporal e é mais pronunciado em comparação com outras partes do corpo;
  • Inchaço: pessoas com lipedema frequentemente relatam sensação de pernas pesadas, especialmente no final do dia, acompanhada de tornozelos inchados. Esse inchaço é resultado do acúmulo de líquido nos tecidos;
  • Dor: a dor associada ao lipedema pode variar de leve a intensa e pode ser constante ou intermitente. Muitas vezes, a dor piora com atividades físicas ou ao permanecer em pé por longos períodos;
  • Sensibilidade: a sensibilidade ao toque ou pressão nas áreas afetadas pelo lipedema é comum. Isso significa que mesmo um toque leve ou uma leve pressão podem causar desconforto ou dor nessas regiões; 
  • Equimoses: o aparecimento frequente de hematomas sem uma causa aparente é outro sintoma característico do lipedema. Essas manchas roxas podem surgir espontaneamente ou como resultado de pequenos traumas e são uma consequência da fragilidade dos vasos sanguíneos nas áreas afetadas;
  • Deformidades: em casos mais graves de lipedema, o acúmulo excessivo de gordura pode levar a deformidades nas pernas, como a chamada “perna em coluna”. 

Diagnóstico

A médica nutróloga e endocrinologista integrativa destaca que o diagnóstico do lipedema é realizado por um médico através de três etapas:

  • Exame físico: O médico avalia a distribuição da gordura corporal, a presença de inchaço, dor e sensibilidade;
  • Histórico médico: É feita uma investigação dos fatores de risco, como histórico familiar, alterações hormonais e uso de medicamentos;
  • Exames complementares: São realizados para excluir outras doenças com sintomas semelhantes, como linfedema, trombose venosa profunda e lipodistrofia.

Tratamento

Segundo Valéria Goulart, o tratamento do lipedema tem como objetivo principal reduzir o acúmulo de gordura, aliviar os sintomas e melhorar a qualidade de vida. Ela ressalta que as opções incluem:

  • Terapia compressiva: utilização de bandagens ou meias elásticas para reduzir o inchaço e melhorar a circulação;
  • Drenagem linfática manual: massagem especializada para estimular o sistema linfático e eliminar o excesso de líquido;
  • Fisioterapia: realização de exercícios específicos para fortalecer os músculos e melhorar a mobilidade;
  • Lipoaspiração: cirurgia indicada em casos mais graves para remover o excesso de gordura;
  • Medicamentos: uso de analgésicos, anti-inflamatórios e outros medicamentos para controlar a dor e o inchaço.

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