Gripe aviária ou influenza aviária: a doença das aves que afeta humanos

Doença mortal para aves, pode ser transmitida a humanos por proximidade ou consumo de animais contaminados

11 de agosto de 2023 - às 11h12 (atualizado em 28/11/2023, às 17h20)

Homem veterinário visita local de criação de galinhas
Crédito:

Envato

Escrito por

Dayana Bonetto

Redatora Let's Move 360

Segundo o Ministério da saúde, a influenza aviária, também conhecida como gripe aviária, é uma doença viral altamente contagiosa que afeta várias espécies de aves domésticas e silvestres e, ocasionalmente, mamíferos como ratos, gatos, cães, cavalos, suínos, bem como o homem. O infectologista Marcos Boulos explica que a contaminação acontece pela proximidade. “Normalmente, essa transmissão ocorre pelo contato entre as aves infectadas pelo vírus de influenza tipo A, que estão perto umas das outras ou quando chegam de diferentes países, por exemplo, e estão com o vírus, passando-o para as espécies. Trata-se de uma doença que pode ser fatal para as aves e ocasionalmente ser transmitida aos seres humanos, geralmente por proximidade ou pelo consumo desses animais contaminados”, alerta o infectologista.

 

Paulo Olzon, clínico geral e médico infectologista da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), esclarece que, embora a gripe aviária possa contaminar mamíferos como porcos, existindo assim a possibilidade de transmissão para seres humanos, uma pessoa não passa a doença para outra.

 

Causa da gripe aviária

 

A gripe aviária é causada por um vírus chamado influenza A, que possui diferentes tipos, sendo os principais H5N1, H5N8, H7N9 e H9N2. Segundo o Ministério da Saúde, o H5N1 é altamente patogênico, afeta principalmente aves, com rara transmissão a humanos e alta mortalidade. O H5N8 é semelhante ao H5N1, altamente contagioso entre aves, mas com baixa transmissão a humanos. O H7N9 pode infectar aves e causar doenças em humanos por meio do contato direto, apesar da transmissão limitada entre humanos. Por sua vez, o H9N2 afeta aves e, embora a infecção humana seja rara, é monitorada devido ao seu potencial.

 

Sobre a gripe aviária estar ou não relacionada à influenza sazonal, Boulos e Olzon compartilham a mesma informação. Segundo eles, ela não se confunde com a gripe sazonal porque a transmissão ainda é muito difícil.

 

Gripe aviária: principais sintomas

 

De acordo com o infectologista Amaury Pachione, os sintomas da gripe aviária são parecidos com os da gripe comum. “A pessoa apresenta febre, normalmente alta, dor no corpo, cansaço, sensação de indisposição e, claro, sintomas respiratórios, como tosse, espirro, congestão nasal, nariz entupido e dor de garganta, podendo também surgir outros sintomas respiratórios típicos da gripe”, ressalta. Boulos destaca também que nos seres humanos, a gripe aviária pode se manifestar com sintomas gastrointestinais. “Quadros diarréicos, principalmente se for por meio da alimentação. Isso só se tornará mais problemático caso ocorram mutações que possam ser transmitidas pelas vias aéreas, por meio da respiração. É nesse ponto que o problema pode se tornar mais sério e causar preocupações maiores”. 

 

Olzon alerta que apesar da semelhança com a gripe comum, a aviária possui um quadro gripal muito mais intenso. “É um vírus que se espalha pelo corpo, causa insuficiência respiratória e outras complicações. As características dela são a sua gravidade e temor associados. A mortalidade nas pessoas contaminadas varia, estimando-se cerca de 70%. Outros autores até sugerem a possibilidade de uma taxa de mortalidade superior a 90% quando se contrai o H5N1”, destaca o médico.

 

Diagnóstico

 

Todos os casos suspeitos devem ser submetidos à coleta de amostra de secreção nasofaríngea (SNF) o mais rápido possível, seguindo a mesma forma da coleta para diagnóstico dos demais vírus influenza. É o que orienta o Ministério da Saúde. Além disso, o setor governamental recomenda que  é importante efetuar, preferencialmente, o aspirado de secreção nasofaríngea (ASN), não sendo possível efetuar a coleta da secreção nasofaríngea (SNF) por meio de swab. As amostras devem ser conservadas e acondicionadas em temperatura de 4ºC, sem congelamento, e enviadas ao Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen), que, por sua vez, deve encaminhá-las aos Laboratórios de Referência para Diagnóstico de Vírus Respiratórios, conforme a área de abrangência.

 

No Brasil, os laboratórios que devem manipular amostras são: o Laboratório de Referência Nacional Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), localizado no Rio de Janeiro/RJ, e dois Laboratórios de Referência Regional, localizados no Instituto Adolfo Lutz (IAL) em São Paulo/SP, e no Instituto Evandro Chagas (IEC) em Ananindeua/PA.

 

De acordo com o Ministério da Saúde, esses laboratórios são credenciados na Organização Mundial da Saúde (OMS) como centros de referência para influenza (NIC – do inglês, National Influenza Center), os quais fazem parte da Rede Global de Vigilância da Influenza. As recomendações sobre coleta, armazenamento e biossegurança das amostras de casos suspeitos para influenza encontram-se descritas no Guia Laboratorial da Influenza e no Guia para Diagnóstico Laboratorial em Saúde Pública.

 

Gripe aviária: tratamento

 

O Ministério da saúde recomenda:

 

Uso do medicamento antiviral

 

  • Em casos suspeitos, prováveis ou confirmados, é indicada a prescrição do medicamento antiviral fosfato de oseltamivir o mais rápido possível, preferencialmente nas primeiras 48 horas após o início dos sintomas;

 

  • estudos sugerem que o fosfato de oseltamivir pode ser benéfico para pacientes hospitalizados se iniciado de quatro a cinco dias após o início do quadro clínico;

 

  • o tratamento oportuno com antiviral pode reduzir a duração dos sintomas e o agravamento da doença;

 

  • estudos observacionais demonstram benefício em pacientes hospitalizados, mesmo após 48 horas do início dos sintomas, com redução na necessidade de ventilação mecânica e tempo de hospitalização.

 

Duração e Recomendações:

 

  • O tratamento é recomendado por um período mínimo de cinco dias, mas pode ser prolongado até que haja melhora clínica;

 

  • o tratamento com antiviral é recomendado independentemente da situação vacinal, inclusive em atendimento ambulatorial.

 

O Ministério da Saúde disponibiliza o medicamento nas apresentações de 30mg, 45mg e 75mg. Detalhes sobre a prescrição do medicamento fosfato de oseltamivir podem ser consultados no Guia de Manejo e Tratamento de influenza 2023.

 

Prevenção e controle

 

Segundo o Ministério da Saúde, algumas medidas visam reduzir o risco de transmissão da gripe aviária para humanos e ajudar a controlar a disseminação da doença.

 

Em aves silvestres

 

  • O público em geral deve evitar rigorosamente o contato com aves doentes ou mortas, incluindo aves silvestres;

 

  • caso as aves mortas sejam encontradas, é importante relatar às autoridades locais de meio ambiente, saúde ou agricultura.

 

Para pessoas com exposição a aves:

 

  • Aqueles com exposição laboral ou recreativa a aves devem adotar medidas de precaução e usar Equipamentos de Proteção Individual (EPI);

 

  • evitar tocar boca, olhos e nariz após o contato com animais ou superfícies contaminadas;

 

  • lavar as mãos com sabão após o contato com animais;

 

  • trocar de roupas após o contato com animais.

 

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