Esteatose hepática: causas, sintomas, tipos e tratamento

Condição afeta uma parcela significativa da população brasileira com mais de 35 anos, segundo estudo

29 de junho de 2023 - às 17h05 (atualizado em 28/11/2023, às 17h30)

Homem faz exercício ao ar livre
Crédito:

Envato

Escrito por

Dayana Bonetto

Redatora Let's Move 360

A esteatose hepática é uma condição que afeta uma parcela significativa da população brasileira com mais de 35 anos. De acordo com estudo conduzido pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em colaboração com pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), essa doença foi constatada em mais de um terço das pessoas nessa faixa etária. Os resultados da pesquisa foram publicados em abril deste ano no periódico Cadernos de Saúde Pública.

Segundo Carla Arnoni, educadora física, especialista em exercício adaptado e mestre em engenharia biomédica, a esteatose hepática é causada principalmente pelo consumo contínuo de calorias em excesso em relação ao percentual gasto. Esse desequilíbrio resulta no acúmulo de gordura, que tem a tendência de se depositar no fígado como consequência natural. Além disso, existem fatores de risco, como obesidade, diabetes, colesterol alto e consumo excessivo de bebidas alcoólicas. Problemas que podem ocorrer em pessoas de qualquer faixa etária, incluindo aquelas que não apresentam essas condições. 

O diagnóstico da esteatose hepática é confirmado por meio de exames de imagem abdominal, como ultrassonografia ou tomografia. Além disso, a análise de sangue para medir o nível de enzimas hepáticas também pode ser realizada. Embora não exista tratamento específico para o acúmulo de gordura no fígado, é possível evitar e cuidar desse problema de saúde por meio de um estilo de vida saudável, incluindo dieta adequada e atividade física regular.

 

Tipos principais de esteatose hepática

Existem dois tipos principais: a esteatose hepática não alcoólica (EHNA) e a esteatose hepática alcoólica.

Esteatose Hepática Não Alcoólica

A EHNA ocorre em pessoas que não têm um histórico de consumo excessivo de álcool. É frequentemente associada a fatores como obesidade, resistência à insulina, diabetes tipo 2, níveis elevados de colesterol, hipertensão arterial e estilo de vida sedentário. Esses fatores podem levar ao acúmulo de gordura no fígado, resultando em inflamação e danos ao órgão. A EHNA geralmente é assintomática, mas pode progredir para formas mais graves de doença hepática, como a esteatohepatite não alcoólica (EHNA).

Esteatose Hepática Alcoólica

A esteatose hepática alcoólica é causada pelo consumo crônico e excessivo de álcool, que é tóxico para as células hepáticas. Esse hábito interfere no metabolismo das células do fígado, resultando no acúmulo de gordura. A quantidade e a duração do uso de álcool são fatores determinantes na progressão da esteatose hepática alcoólica. Caso seja interrompido, é possível reverter a condição. No entanto, sua continuidade pode levar a danos hepáticos mais graves, como hepatite alcoólica e cirrose.

É importante destacar que tanto a EHNA quanto a esteatose hepática alcoólica podem evoluir para doenças hepáticas mais graves se não forem tratadas adequadamente.

 

Esteatose Hepática: sintomas em diferentes estágios 

A esteatose hepática, em casos leves, pode não apresentar sintomas específicos. Em estágios intermediários, a pessoa pode perceber sinais como dor abdominal, cansaço, fraqueza, perda de apetite, aumento do fígado, barriga inchada e dor de cabeça constante. Nos estágios mais avançados da doença, caracterizados pela inflamação e fibrose, podem ocorrer complicações como acúmulo anormal de líquido no abdômen, problemas no encéfalo, confusão mental, fadiga, hemorragias, redução no número de plaquetas sanguíneas, icterícia, fezes sem cor, alterações do sono, distúrbios de coagulação, inchaço dos membros inferiores e rápido aumento do volume abdominal.

 

Exames e Diagnóstico Precoce: uma saúde hepática melhor 

A esteatose hepática não alcoólica pode ser detectada por meio de exames de ultrassonografia abdominal, que mostram aumento no tamanho do fígado. É feito através de exames de rotina, como análises laboratoriais e de imagem. A elastografia transitória mede a elasticidade do tecido hepático e a quantidade de gordura no fígado. Vale ressaltar que é essencial realizar o  diagnóstico precoce, especialmente em pessoas com fatores de risco.

O diagnóstico precoce ajuda a implementar mudanças no estilo de vida, monitorar a progressão da doença, identificar fatores de risco subjacentes e prevenir complicações graves. Além disso, possibilita cuidado personalizado e reduz a carga da doença.

 

Dieta e exercícios: Chaves para reverter a esteatose hepática

O tratamento para a esteatose hepática não é específico, pois varia de acordo com as causas da doença. No entanto, alguns hábitos podem reverter a condição. Segundo a educadora física, a esteatose hepática está intimamente ligada ao estilo de vida e, portanto, deve ser tratada por meio da mudança de costumes. Ela destaca que qualquer exercício que mantenha o paciente com a frequência adequada de treinos é válido, como caminhada, natação, musculação, atividades funcionais ou a prática de algum esporte de preferência. O importante é criar uma rotina de prática consistente. 

Carla destaca que uma dieta saudável é fundamental na prevenção e tratamento da esteatose hepática. Isso envolve evitar o consumo excessivo de gorduras saturadas e trans, açúcares refinados e alimentos processados. É recomendado optar por uma alimentação equilibrada, com variedade de frutas, verduras, legumes, grãos integrais, proteínas magras e gorduras saudáveis. Em casos mais raros, quando necessário, podem ser prescritos medicamentos específicos.

A prevenção da esteatose hepática também envolve o controle do peso corporal. É o que afirma Renato Pelaquim, diretor executivo do Departamento de Educação Física da SOCESP (Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo). De acordo com ele, a obesidade é fator de risco significativo para o desenvolvimento da doença. Portanto, é importante adotar estratégias de perda de peso saudáveis, como a combinação de uma alimentação equilibrada e a prática regular de atividade física.

 

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