Engravidar depois dos 40: desafios e benefícios

A gravidez na maturidade está se tornando comum e as considerações essenciais para uma gestação saudável

21 de setembro de 2023 - às 16h46 (atualizado em 28/11/2023, às 16h58)

Casal maduro curte a gravidez da mulher
Crédito:

Envato

Escrito por

Dayana Bonetto

Redatora Let's Move 360

Nos últimos anos, mulheres estão escolhendo ter filhos em idades mais avançadas, o que se convencionou chamar de gravidez na maturidade. Um estudo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2021, mostrou que, em apenas uma década, o número de gestações entre mulheres de 35 a 39 anos aumentou em 63%. Maria Carolina Dalbone, ginecologista obstetra e especialista em reposição hormonal, destaca que essa tendência traz desafios e benefícios. “As mulheres que buscam engravidar entre os 40 e 50 anos, enfrentam a diminuição da reserva de óvulos à medida que envelhecem. Acima dos 43 ou 45 anos, essa produção de óvulos sofre redução considerável, o que impacta diretamente nas chances de concepção. Além disso, os óvulos envelhecidos podem tornar a gravidez um pouco mais desafiadora de ser alcançada. Outro fator importante a considerar é a necessidade de cuidados adicionais, uma vez que as mulheres nessa faixa etária têm uma probabilidade maior de desenvolver doenças secundárias, como diabetes e hipertensão, durante a gestação”, destaca.

 

Segundo Dalbone, um dos fatores que colaboram para essa mudança na faixa etária é o objetivo profissional da mulher. “Geralmente, elas possuem maturidade tanto emocional quanto profissional, o que contribui para uma experiência de maternidade mais equilibrada. Além disso, alguns estudos sugerem que essas mulheres têm mais facilidade para amamentar, proporcionando benefícios adicionais para o desenvolvimento do bebê”, explica. 

 

Preparação para gravidez na maturidade

 

Dalbone explica que quando uma mulher decide ser mãe após os 40 anos, precisa preparar o corpo. “O ideal é que ela busque um profissional o mais cedo possível e faça todas as avaliações necessárias para determinar se o congelamento de óvulos é necessário. Se ela não teve a oportunidade de fazer isso e deseja engravidar, é importante que realize todos os testes necessários, mantenha bons hábitos de saúde, pratique atividades físicas e mantenha os suplementos sempre em dia. Sabemos hoje em dia que vitaminas e sais minerais devem estar em níveis ideais e equilibrados para que a gestação ocorra da forma mais plena e feliz possível. Com certeza, é possível ser mãe nesse período de forma saudável e plena”, ressalta.

 

Além disso, ela destaca que o médico que avalia a paciente deve solicitar todos os exames possíveis. “Como costumo dizer, a mulher não é apenas um útero; a gravidez é um momento especial. Portanto, é essencial avaliar a saúde dos óvulos, o que pode ser feito através do exame denominado Hormônio Anti-Mulleriano, considerado o mais confiável na atualidade. Associado a ele, a ultrassonografia transvaginal também é útil para verificar a contagem dos folículos e a quantidade de óvulos disponíveis. Também é fundamental analisar os aspectos nutricionais, abrangendo vitaminas e minerais, bem como os níveis hormonais gerais, incluindo os hormônios da tireoide, insulina e glicose. Essa avaliação completa da saúde é essencial para preparar a mulher de maneira adequada para a gestação”, pontua.

 

Mitos e realidades

 

Para Dalbone, compreender os desafios e mitos da gravidez após os 40 anos é essencial. “Embora o envelhecimento dos óvulos possa aumentar o risco de problemas no desenvolvimento fetal e abortos espontâneos, a maioria dessas complicações ocorre de forma natural. Além disso, após os 40 anos, as mulheres têm maior propensão a doenças como diabetes gestacional e hipertensão. No entanto, uma preparação adequada, incluindo o congelamento de óvulos, quando necessário, pode ser benéfica”, destaca. 

 

Dalbone também alerta para a falta de conhecimento e preconceito em relação à gravidez tardia. “É um  equívoco pensar que mulheres entre 40 e 50 anos não podem ter partos naturais. Na verdade, com uma gravidez saudável e acompanhamento adequado, o parto vaginal é uma opção viável, e não há indicação de cesárea nesse período. Além disso, apesar dos mitos em torno da gravidez após os 40 anos, como a suposição de que sempre ocorrerão problemas no desenvolvimento do feto, com os cuidados médicos adequados e exames genéticos, é possível minimizar os riscos, permitindo que mulheres saudáveis nessa faixa etária desfrutem de uma gestação plena e feliz”, pontua.

 

Exames durante a gestação após os 40 anos

 

Alguns exames são importantes para garantir uma gravidez saudável e identificar possíveis problemas em gestações após os 40 anos. São eles:

 

Início da gravidez

 

  • Exame de sangue completo: verifica o sangue em busca de problemas;

 

  • Tipo de sangue: descobre qual é o tipo de sangue;

 

  • Testes para doenças: procura por doenças que podem afetar o bebê;

 

  • Exame de urina: checa a saúde dos rins e detecta infecções na urina;

 

  • Verificação de parasitas no intestino: detecta parasitas no intestino;

 

  • Exame do colo do útero: procura por sinais de câncer;

 

  • Ultrassom para ver o bebê: cria imagens do bebê e verifica se está tudo bem;

 

  • Avaliação de risco de problemas no bebê: analisa a probabilidade de problemas no bebê;

 

  • Exames de hormônios: verifica os níveis de hormônios;

 

  • Teste de incompatibilidade sanguínea: checa se o sangue da mãe é compatível com o do bebê;

 

  • Exame genético (cariótipo): detecta problemas nos cromossomos do bebê.

 

Meio da gravidez

 

  • Ultrassom detalhado: avalia o bebê mais de perto;

 

  • Teste de glicose no sangue: verifica o açúcar no sangue para diabetes gestacional;

 

  • Avaliação de risco de síndrome de Down: ajuda a identificar essa síndrome;

 

  • Verificação de Problemas no bebê: detecta problemas no desenvolvimento do bebê.

 

Final da gravidez

 

  • Ultrassom para acompanhar o bebê: acompanha o crescimento e saúde do bebê;

 

  • Verificação dos batimentos cardíacos do bebê: avalia o coração do bebê;

 

  • Verificação do fluxo de sangue: avalia como o sangue flui no útero e placenta;

 

  • Avaliação completa da saúde do bebê: analisa diversos aspectos da saúde do bebê;

 

  • Exames de sangue e urina: podem ser repetidos para acompanhar a saúde da mãe e do bebê;

 

  • Monitoramento da pressão arterial: acompanha a pressão sanguínea da mãe.

 

 

Consulte sempre um profissional sério! Aqui no Let’s Move 360 é possível encontrar um profissional perto de você ou on-line. Utilize a nossa busca!