Endometriose: o que é, sintomas, causas e tratamentos

A endometriose é uma condição em que o tecido endometrial, que normalmente reveste o interior do útero, cresce em outras áreas do corpo, como ovários, trompas de falópio, intestinos ou revestimento pélvico. Segundo Camilla Pinheiro, ginecologista e obstetra, esse crescimento anormal pode causar várias dificuldades na vida da mulher. “A endometriose afeta principalmente mulheres em idade reprodutiva e pode levar à inflamação, dor pélvica intensa, sangramento irregular e dificuldades para engravidar”, alerta. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a doença afeta uma em cada 10 mulheres em idade reprodutiva (15 a 49 anos). 

 

Pinheiro explica que a endometriose é uma doença que apresenta diferentes tipos de lesões, cada um com características específicas e locais de ocorrência. “Na endometriose superficial, as lesões ocorrem principalmente na região do peritônio pélvico, que é a membrana que reveste a cavidade abdominal. As lesões podem ser pequenas manchas ou aderências, e geralmente não afetam órgãos internos”, indica. Já na endometriose cística ovariana (endometrioma), Pinheiro ressalta que as lesões se desenvolvem nos ovários, formando cistos preenchidos com sangue. Quando ocorre a endometriose profunda, as lesões se aprofundam nos tecidos e órgãos da pelve, como o septo retovaginal (entre o reto e a vagina), a bexiga e o intestino. Segundo a ginecologista, isso pode levar a sintomas mais intensos, como dor durante a relação sexual, dificuldade para urinar ou evacuar e até mesmo problemas gastrointestinais. O último tipo que Pinheiro cita é a endometriose extrapélvica. “Embora seja raro, em alguns casos, foram encontradas lesões de endometriose fora da pelve, em órgãos como o pulmão e diafragma”, afirma. 

 

Causas da Endometriose

 

A endometriose pode afetar as mulheres desde o início da primeira menstruação (menarca) até a menopausa, e é considerada de origem multifatorial. Entre esses fatores, Pinheiro menciona a menstruação retrógrada. “Ela ocorre quando o sangue menstrual (contendo células endometriais) flui das trompas de falópio para a cavidade pélvica, em vez de sair do corpo através do colo uterino e da vagina”, explica. Como resultado, ela destaca que as  células do tipo endométrio podem ser depositadas fora do útero, onde podem ser implantadas e crescer.

 

Outra razão apontada pela ginecologista, é a metaplasia celular. “Este é um processo no qual algumas células fora do útero se transformam em células semelhantes ao endométrio e começam a crescer”, diz. De acordo com ela, a OMS indica que a doença também pode ser causada pela proliferação de células precursoras que dão origem à endometriose e depois se espalham pelo corpo através do sangue e dos vasos linfáticos.

 

Além disso, Pinheiro reconhece que pode haver outros fatores que favorecem o desenvolvimento, crescimento e manutenção de lesões por endometriose, tais como alterações ou comprometimento do sistema imunológico, influências hormonais complexas circunscritas, fatores genéticos e, possivelmente, poluentes ambientais.

 

Sintomas da Endometriose

 

A endometriose, em alguns casos, pode não apresentar sintomas, mas Pinheiro destaca que existem sinais comuns.

 

• Menstruação dolorosa: Também conhecida como dismenorreia, é caracterizada por cólicas intensas e persistentes durante o período menstrual. As dores podem ser tão intensas a ponto de interferir nas atividades diárias.

 

• Dor pélvica crônica: É uma dor persistente e contínua na região pélvica, que pode ocorrer ao longo do ciclo menstrual e também fora dele. Essa dor pode ser constante ou intermitente.

 

• Dor durante ou após a relação sexual: A endometriose pode causar dor durante a relação sexual, conhecida como dispareunia. Isso acontece porque as lesões endometriais na região pélvica podem ser sensíveis e dolorosas durante a penetração.

 

• Dor durante os movimentos intestinais: A presença de lesões de endometriose no intestino pode levar a desconforto, dor ou até mesmo sangramento durante a evacuação.

 

• Dor durante a micção: Lesões endometriais próximas à bexiga podem causar dor e desconforto ao urinar.

 

• Cansaço: A endometriose pode causar fadiga e cansaço excessivo, afetando o bem-estar geral da pessoa.

 

• Depressão ou ansiedade: Os sintomas físicos e emocionais associados à endometriose podem levar ao desenvolvimento de problemas psicológicos, como depressão e ansiedade.

 

• Inchaço abdominal e náusea: Em alguns casos, a endometriose pode causar inchaço abdominal e náuseas, especialmente durante o período menstrual.

 

Tratamento para Endometriose

 

De acordo com Pinheiro, o tratamento para endometriose pode ser farmacológico ou cirúrgico, dependendo dos sintomas e lesões do paciente, além de suas preferências.  “Analgésicos, anti-inflamatórios não esteroides e hormônios podem ser usados para aliviar a dor e controlar o crescimento do tecido endometrial. Terapia hormonal como contraceptivos orais, pode ajudar a suprimir o crescimento do tecido endometrial e reduzir os sintomas. A laparoscopia (técnica cirúrgica minimamente invasiva) pode ser realizada para remover o tecido endometrial e preservar órgãos reprodutivos, o que é especialmente benéfico para mulheres que desejam engravidar. A cirurgia radical é indicada para casos mais graves, quando a fertilidade não é uma preocupação. Nesse caso, pode ser necessária uma histerectomia ou remoção de órgãos afetados”, alerta. 

A ginecologista também ressalta que alguns pacientes podem encontrar alívio com terapias complementares, como acupuntura, fisioterapia ou mudanças na dieta.

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