Doença arterial coronariana (DAC): sinais, fatores de risco, prevenção e tratamento

Saiba mais sobre sintomas, fatores de risco e tratamentos da DAC, uma das principais causas de morte no Brasil

18 de março de 2024 - às 12h00 (atualizado em 18/3/2024, às 15h46)

Mulher segurando um modelo de coração humano
Crédito:

Envato

Escrito por

Dayana Bonetto

Redatora Let's Move 360

De acordo com a Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (SOCESP), em 2022, o Brasil registrou 120.658 mortes por doença arterial coronariana, conhecida como DAC. Pedro Ivo de Marqui Moraes, coordenador do Projeto Infarto da SOCESP, explica que a DAC é uma doença dos vasos que irrigam o coração. “A causa mais comum é a obstrução das artérias coronárias. Dentro do vaso, formam-se placas de colesterol devido ao seu aumento; são as placas de ateroma. Progressivamente, ao longo dos anos, essas placas vão crescendo de tamanho e obstruindo os vasos do coração. Isso reduz o fluxo de sangue para o músculo do coração e, quando atinge uma obstrução significativa, geralmente acima de 70% a 85% do diâmetro do vaso, o fluxo de sangue passa a ser insuficiente, e a pessoa começa a ter sintomas como dor no peito, falta de ar, fadiga e palpitações cardíacas. Essa é a causa mais comum de doença arterial coronariana, que chamamos de crônica”, ressalta. 

Segundo Moraes, é importante alertar que as placas de colesterol podem se formar em todo o organismo, não se limitando apenas ao coração. “Além das artérias coronárias, onde é mais conhecido o acúmulo dessas placas, elas também podem se desenvolver em outras regiões, como nas artérias do pescoço (carótidas) e na aorta, o maior vaso sanguíneo do corpo, responsável por distribuir sangue para todas as partes do organismo. Da mesma forma, os vasos das pernas também podem ser afetados”, pontua. 

Sinais de alerta da DAC

O coordenador do Projeto Infarto da SOCESP destaca que a dor no peito é o sintoma mais comum da doença arterial coronariana. “Ela pode ser sentida como desconforto, pressão ou aperto. Está na parte da frente do tórax, perto do coração. É causada pela redução do fluxo de sangue para o músculo cardíaco, chamada angina. Geralmente, a dor aumenta quando são feitos esforços, como andar rápido ou subir escadas, e melhora com o descanso”, explica.

Além da dor no peito, Moraes ressalta que a DAC pode apresentar outros sintomas:

  • Sudorese excessiva: em alguns casos, ocorrem episódios de transpiração intensa, muitas vezes acompanhando a dor no peito, mas também podendo ocorrer de forma independente da DAC;
  • Náusea: pode haver uma sensação de desconforto no estômago, associada à DAC e ocorrendo tanto junto com a dor no peito quanto de forma isolada;
  • Falta de ar: a pessoa pode sentir dificuldade em respirar, caracterizada por respiração rápida ou superficial, podendo ocorrer em conjunto com outros sintomas;
  • Desconforto em outras áreas do corpo: Além do peito, a dor ou desconforto também podem ser percebidos nos braços, mandíbula, pescoço ou costas;
  • Fadiga inexplicável: pode haver uma sensação de cansaço extremo sem motivo aparente, o que pode ser um sinal de alerta, indicando uma redução na capacidade do coração de bombear sangue adequadamente.

Fatores de risco 

Moraes alerta que alguns fatores de risco contribuem para o desenvolvimento de doenças cardíacas. Ele compartilha os principais:

  • Pressão alta e hipertensão arterial sistêmica: pressão arterial elevada pode danificar as paredes dos vasos sanguíneos e aumentar o risco de doença cardíaca;
  • Diabetes mellitus: diabetes causa aumento dos níveis de glicose no sangue, o que pode levar a danos nas paredes dos vasos sanguíneos ao longo do tempo;
  • Colesterol alto e dislipidemias, especialmente o LDL: colesterol elevado, especialmente o LDL (colesterol ruim), pode se acumular nas paredes das artérias, formando placas que podem levar a doenças;
  • Triglicérides elevados: níveis elevados de triglicérides no sangue também podem aumentar o risco de doença cardíaca;
  • Tabagismo: componentes químicos do tabaco podem danificar os vasos sanguíneos e aumentar a formação de placas nas artérias;
  • Antecedentes familiares: histórico de doença cardiovascular em parentes de primeiro grau (pais, irmãos) antes dos 65 anos pode indicar uma predisposição genética para doenças cardíacas;
  • Sedentarismo: a falta de atividade física pode levar ao ganho de peso, pressão alta, diabetes e colesterol alto;
  • Estresse emocional intenso: estresse crônico pode desencadear reações no corpo que aumentam o risco de doença cardíaca.

Controle 

  • Pressão arterial: monitorar e controlar a pressão arterial por meio de medicação, dieta e estilo de vida saudável;
  • Diabetes: gerenciar os níveis de glicose no sangue com medicamentos, dieta e exercícios para prevenir complicações cardiovasculares;
  • Controle de peso: adotar uma dieta saudável e controlar o peso corporal podem ajudar a reduzir os níveis de colesterol e triglicérides, diminuindo o risco de doença cardíaca;
  • Medicação para controle do colesterol: quando a dieta e o exercício não são suficientes, o médico pode prescrever medicamentos para reduzir o colesterol;
  • Atividade física regular: praticar exercícios regularmente pode melhorar a saúde do coração, controlar o peso e reduzir a pressão arterial;
  • Estresse: estratégias para lidar com o estresse, como meditação, ioga ou terapia;
  • Fim do tabagismo: parar de fumar é essencial para reduzir o risco de doença cardíaca e melhorar a saúde geral;

Prevenção primária e exames recomendados

Pedro Ivo salienta que é importante fazer uma consulta médica regular a partir dos 45 anos, conhecida como check-up. “Converse com o médico sobre seu histórico, faça exames físicos e de sangue para verificar a pressão arterial, colesterol e açúcar no sangue”, orienta. Caso sejam identificados fatores de risco, por exemplo, diabetes, ele indica que a pessoa deve ser acompanhada com mais frequência. Moraes destaca que a partir daí, é possível indicar um foco de prevenção primária ou avaliações necessárias. Entre os exames mais comuns, ele cita:

  • Teste ergométrico de esteira: um dos exames disponíveis para avaliação cardiovascular.Envolve o paciente realizando exercícios em uma esteira enquanto é monitorado. Ajuda a avaliar a resposta do coração ao esforço físico;
  • Cintilografia do coração: utiliza material radioativo para obter imagens detalhadas do coração em repouso e durante o exercício. Auxilia na identificação de áreas com fluxo sanguíneo reduzido ou problemas de função cardíaca;
  • Cateterismo cardíaco: é um procedimento invasivo  e utilizado em casos mais complexos. Envolve a inserção de um cateter através de um vaso sanguíneo até o coração. Permite a visualização direta das artérias coronárias e a identificação de possíveis obstruções.

Opções de tratamento

O coordenador do Projeto Infarto da SOCESP enfatiza a importância de identificar o padrão da doença arterial coronariana uma vez diagnosticada. “É crucial avaliar o número de vasos afetados, a porcentagem e a localização dos bloqueios”, esclarece. Ele completa: “Existem pacientes com apenas uma obstrução, enquanto outros apresentam múltiplas em vários vasos do coração, e a decisão de tratamento se baseia nisso”. 

Moraes explica que o tratamento pode ser realizado com medicação específica, direcionada para tratar a doença arterial coronariana, reduzir o nível de colesterol, diluir o sangue, entre outras opções medicamentosas. “Além disso, se forem identificadas obstruções, deve considerar a possibilidade de revascularização desses vasos. Esse procedimento pode ser feito através do implante de stents, conhecido como angioplastia das artérias coronárias”, salienta. Ele também indica que é possível colocar um ou mais stents para desobstruir o vaso, embora isso dependa dos fatores anatômicos e seja avaliado caso a caso. “Quando há obstruções mais graves e difusas, a cirurgia de revascularização miocárdica é uma opção. Isso envolve a colocação de pontes de safena ou mamária como enxertos para desobstruir os vasos doentes”. 

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