Candidíase: o que é, tipos, sintomas, causas e tratamento

Embora a Candida albicans seja mais comum, há outros tipos de fungos que também causam problemas

30 de abril de 2024 - às 10h59 (atualizado em 30/4/2024, às 11h02)

Mulher protegendo área íntima
Crédito:

Envato

Escrito por

Dayana Bonetto

Redatora Let's Move 360

A candidíase é uma infecção causada por fungos, sendo o mais comum o Candida albicans. Ela pode afetar áreas como a região inguinal, vaginal, perianal e períneo. De acordo com o alergista Marcello Bossois, a Candida é um fungo que habita o corpo desde o nascimento. “Somos colonizados pela mãe, não é mesmo? Esse fungo, então, começa a colonizar o nosso corpo da boca até o ânus. Portanto, ele está lá, mas, na verdade, permanece em um estágio de equilíbrio com o corpo”, ressalta. 

Bossois explica que existem alterações no ambiente interno do corpo que causam desequilíbrio, como variações nos níveis hormonais, uso de antibióticos ou outras condições que afetam o sistema imunológico e que podem criar um ambiente propício para o crescimento excessivo da Candida. “A candidíase é justamente esse desequilíbrio. Mudanças no ambiente vaginal, por exemplo, promovem a transição de Candida albicans saprófita para Candida albicans patogênica”, salienta. Segundo o alergista, a diferença entre a Candida albicans saprófita e a Candida albicans patogênica está na forma como agem no corpo. “A Candida albicans saprófita é uma presença normal, vivendo em equilíbrio no organismo sem causar problemas. Já a Candida albicans patogênica é aquela que, em certas situações, pode se tornar mais agressiva, causando doenças e sintomas”, pontua. 

Tipos de fungos: Candidas

Embora a Candida albicans seja mais comum, há outros tipos de fungos que também causam problemas: 

  • Candida parapsilosis: é menos comum que a Candida albicans. No entanto, pode causar infecções em diferentes partes do corpo. Costuma afetar principalmente pessoas com sistemas imunológicos enfraquecidos;
  • Candida tropicalis: pode causar infecções em diversas áreas, incluindo genitais e corrente sanguínea. Algumas vezes associada a complicações em pacientes hospitalizados;
  • Candida glabrata: tende a ser resistente a alguns medicamentos antifúngicos.Pode afetar pessoas com sistemas imunológicos comprometidos e causar infecções em locais como a boca, genitais e corrente sanguínea;
  • Candida krusei: menos comum, mas pode ser resistente a antifúngicos e causar infecções em várias partes do corpo.Também costuma afetar pessoas com imunidade reduzida;
  • Candida guilliermondii: causa infecções, principalmente em pessoas com sistemas imunológicos comprometidos;
  • Candida lusitaniae: é menos conhecida e causa infecções, especialmente em pacientes hospitalizados. Algumas podem ser resistentes a certos antifúngicos.

Candidíase: manifestações e impactos no corpo

De acordo com o alergista Marcello Bossois, a candidíase pode afetar o corpo tanto externamente, na pele e mucosas, como internamente. “Por exemplo, externamente, podemos ter o aparecimento de candidíase em regiões principalmente de dobras, onde há uma umidade maior.  Isso ocorre porque a Candida é um fungo, ou seja, prosperam em ambientes úmidos. Portanto, em locais com pouca ventilação, como axilas e abaixo dos seios, é possível desenvolver candidíase. Quando o seio da mulher entra em contato com a pele do tórax, também cria-se uma região sem ventilação, propícia ao desenvolvimento da candidíase devido à transpiração. A pessoa pode contaminar essa região ao coçar com as mãos, que podem estar com Candida, resultando no aparecimento de lesões abaixo dos seios”, esclarece. 

O paciente também pode apresentar candidíase na região inguinal e nas nádegas, manifestando-se através de lesões, explica Bossois. “Essas lesões são caracterizadas por serem avermelhadas, coçarem e, frequentemente, produzirem uma secreção que se assemelha ao leite, sujando as roupas íntimas e de uso comum”, alerta. 

O alergista ressalta que além do impacto externo, a candidíase pode ocorrer internamente. “Como na esofagite por Candida, manifestada por dor ao deglutir, sensação de azia e dificuldade para se alimentar. O paciente também pode desenvolver candidíase intestinal, que resulta em cólicas, náuseas, eventuais vômitos, aumento do volume abdominal e excesso de gases”, pontua.

Sintomas da candidíase em diferentes partes do corpo

Candidíase na vagina e no pênis

  • Coceira intensa: sensação persistente de coceira afetando o dia a dia;
  • Manchas vermelhas e esbranquiçadas: aparecem no local, causando desconforto.
  • Corrimento esbranquiçado: mudança no fluxo vaginal indicando a presença do fungo;
  • Pequenas rachaduras na vagina e no sulco balanoprepucial: o sulco balanoprepucial é uma área localizada na região genital masculina.É a fenda ou espaço entre a glande (cabeça do pênis) e o prepúcio (a pele que cobre a glande). Essa região é propensa a irritações e pode desenvolver pequenas rachaduras, especialmente em casos de candidíase;

Candidíase nas unhas

  • Mudança de cor e inchaço nas bordas: alterações visíveis nas unhas, com inchaço ao redor;
  • Mais comum em quem lida muito com água: pessoas com mãos frequentemente molhadas são mais propensas;

Candidíase em áreas de dobras

  • Coceira persistente: sensação contínua de coceira que afeta o conforto diário;
  • Pele avermelhada e úmida: ambientes úmidos favorecem o crescimento do fungo, causando irritação;
  • Feridas redondas e adicionais: pequenas feridas que podem se formar ao redor da área afetada;

Candidíase na mucosa oral

  • Mais comum em alguns grupos: pessoas com sistema imunológico enfraquecido, higiene bucal inadequada ou usando próteses dentárias;
  • Manchas brancas ou fissuras dolorosas: aparecem na boca, especialmente nos cantos, causando desconforto;

Candidíase no esôfago

  • Mais comum em pessoas com sistema imunológico enfraquecido: especialmente em pacientes com HIV;
  • Dor ao engolir: comer se torna doloroso devido à inflamação no esôfago;
  • Desconforto no peito atrás do esterno: dor central no peito, semelhante a sintomas de azia.

Tratamento: tripe terapêutico

Marcello Bossois explica que o tratamento geralmente é feito com medicamentos ou através de uma abordagem sistêmica em casos mais graves. “É um tripé. O objetivo é equilibrar a produção de Candida no corpo, eliminando o excesso, fortalecendo a microbiota e melhorando a resposta imunológica, além de abordar questões subjacentes relacionadas à saúde geral do paciente”, indica.

Bossois ressalta que esse tripé terapêutico contribui para o controle eficaz da infecção por Candida. São eles:

  • Medicação antifúngica: envolve o uso de medicamentos antifúngicos para eliminar o excesso de fungos no corpo, especialmente o crescimento descontrolado de Candida. Os antifúngicos podem ser administrados por via oral ou tópica, dependendo da extensão e localização da infecção;
  • Reposição da microbiota: a candidíase muitas vezes está associada à disbiose, um desequilíbrio na flora microbiana normal do corpo. Portanto, é crucial restaurar a microbiota saudável. Isso pode ser feito através da administração oral de probióticos, que são microorganismos benéficos, e também localmente, utilizando cremes e substâncias que promovem um ambiente propício para bactérias e fungos probióticos;
  • Fortalecimento da imunidade: concentra-se no fortalecimento do sistema imunológico. Essa abordagem envolve o uso de substâncias e estratégias que aprimoram a resposta imunológica. Inclui a reposição de vitaminas, minerais e nutracêuticos essenciais para a imunidade. Além disso, a imunoterapia é empregada, usando substâncias como a candidina e a tricofetina, bem como toxoides bacterianos de pele, para estimular e melhorar a capacidade do sistema imunológico de controlar a população de Candida.

Consulte sempre um profissional sério! Aqui no Let’s Move 360 é possível encontrar um profissional perto de você ou on-line. Utilize a nossa busca!