Baby blues: entenda a tristeza materna após o parto
Descubra os sintomas do baby blues e a relevância do suporte da família para superar os desafios emocionais pós-parto
27 de junho de 2024 - às 10h00 (atualizado em 24/6/2024, às 12h04)
Envato
Escrito por
Dayana Bonetto
Redatora Let's Move 360
Muitas mulheres sentem angústia, desânimo e exaustão alguns dias após o parto. De acordo com Patrícia Peixoto, psicóloga e especialista em Neuropsicologia e Terapia Cognitivo-comportamental, reações comuns e até esperadas. Segundo ela, essa fase é chamada de baby blues, também conhecida como tristeza materna, e atinge cerca de 50% a 85% das mães. “Durante o período puerperal, a mulher passa por diversas mudanças físicas, sociais e hormonais que contribuem para o surgimento do baby blues. Além disso, a adaptação à nova realidade de cuidar de um recém-nascido, o cansaço devido à privação do sono e as demandas da maternidade podem ser fatores contribuintes. São momentos que a mulher passa a ter sentimentos como tristeza, melancolia, irritabilidade e ansiedade”, explica a psicóloga. Peixoto ressalta que a condição é passageira, pois trata-se de uma etapa de adaptação entre a mãe e o bebê, onde as emoções ficam à flor da pele, podendo até ser confundida com a depressão pós-parto.
A psicóloga indica que é importante diferenciar o baby blues da depressão pós-parto, pois, mesmo que compartilhem alguns sintomas, a depressão pós-parto é mais forte e dura mais tempo, impactando a saúde mental da mãe. “O baby blues é menos intenso e mais variável do que a depressão pós-parto. A mãe que vivencia a tristeza materna enfrenta desafios, mas ainda consegue desfrutar de momentos de diversão, lazer e relaxamento. Já na depressão pós-parto, a mãe tende a evitar ativamente o contato social, enfrentar dificuldades de concentração e tomada de decisões, questionar sua capacidade de cuidar tanto de si mesma quanto do recém nascido, e ter pensamentos preocupantes, como a ideia de ferir o bebê, por exemplo”, alerta.
Com relação ao tempo que dura a fase do baby blues, Peixoto explica que cada caso representa um período. “Normalmente, ocorre por duas semanas, mas é preciso considerar também o contexto familiar e o histórico da paciente, a rede de apoio, se é mãe de primeira viagem, pois isso acaba tendo uma interferência direta. Por se tratar, ainda, de uma questão hormonal, as mulheres podem reagir de maneiras diferentes”, salienta.
Apoio como tratamento para superar o baby blues
Segundo a psicóloga, o baby blues, por ser algo reativo, inicialmente, o suporte e compreensão familiar são suficientes. No entanto, ela alerta que se os sentimentos de tristeza permanecerem por mais de 14 dias, é hora de ter atenção. “Primeiramente, da família ou rede de apoio direta. Ele é conhecido como síndrome do terceiro dia, uma depressão transitória, que é um período esperado e transitório de instabilidade emocional. Por isso, toda ajuda que essa mãe puder receber, como ter alguém para dar banho no bebê, para ficar com ele enquanto ela tira uma soneca, ou mesmo para poder ter um banho tranquilo, pode sim ajudá-la a passar por esse momento de exaustão e assim ela vai conseguir cuidar e aproveitar com alegria a chegada do bebê. Se depois de duas semanas o estado emocional da mãe sofrer piora, ficar mais forte, é o caso sim de pedir ajuda profissional, porque nesse caso ela pode entrar em uma depressão pós-parto.
Principais sintomas do baby blues
- Tristeza intensa: sentimentos profundos de melancolia e desânimo nos primeiros dias após o parto;
- Irritabilidade pronunciada: aumento da sensibilidade emocional, levando a reações exageradas a estímulos cotidianos;
- Choro frequente e sem causa aparente: flutuações emocionais que resultam em episódios de choro, mesmo sem um motivo específico;
- Dificuldades no sono: insônia, alterações nos padrões de sono ou dificuldade em descansar;
- Ansiedade: preocupações intensificadas em relação ao cuidado do bebê, ao futuro e às responsabilidades da maternidade;
- Sensação de desconexão: momentos em que a mãe pode se sentir desconectada emocionalmente, apesar do amor pelo bebê;
- Sentimento de culpa e autocrítica: possíveis sentimentos de culpa relacionados à maternidade, acompanhados de autocrítica em relação ao desempenho como mãe.
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