Exercícios físicos para cadeirantes: benefícios para a saúde e inclusão social

A prática de atividades físicas traz inúmeros benefícios para a saúde, no entanto, a dependência da cadeira de rodas como meio de locomoção pode levar a um estilo de vida mais sedentário, acarretando consequências negativas para a saúde, tais como o enfraquecimento dos músculos, redução da capacidade cardiorrespiratória, ganho de peso, diminuição da densidade óssea e problemas de circulação sanguínea. Além disso, contribui para o desenvolvimento de doenças crônicas, como diabetes, doenças cardíacas e obesidade.

 

O exercício regular oferece uma série de benefícios específicos para os cadeirantes, mas é preciso ter cuidado com as áreas do corpo que devem ser estimuladas. O professor doutor Leonardo Pimenta, educador físico e coordenador do CENFE (Centro de Nutrição e Fisiologia do Exercício), ressalta a importância de atividades que fortalecem os músculos das costas, prevenindo lesões nos ombros e abdominais, práticas relevantes para os cadeirantes, uma vez que eles precisam fazer força para locomover a cadeira. O educador físico também destaca o trabalho cardiovascular, acompanhado por profissionais qualificados. Além da necessidade de exercícios de alongamento e flexibilidade, adaptados às condições individuais de cada cadeirante.

 

No entanto, usuários de cadeiras de rodas muitas vezes enfrentam dificuldades para encontrar espaços e apoio adequados para a prática esportiva. É o que afirma Alisson Arley Firmino, educador físico conhecido como Alisson Blanka e dono de academia. Ele desenvolve um projeto gratuito em Vespasiano, região metropolitana de Belo Horizonte, para pessoas com deficiência. Seu projeto, o Blanka PCD Run, promove a participação de cadeirantes em eventos esportivos.

 

Blanka destaca os desafios enfrentados pelos cadeirantes no acesso às academias, como a falta de rampas e espaços adequados. De acordo com ele, para que o local consiga atender esse público, é preciso ter algumas dimensões. Por exemplo, para um cadeirante andar em linha reta, é necessário que haja uma passagem mínima de 90 centímetros para a cadeira de rodas. Para curvas de 90 graus, um espaço de 1,20 m, e para curvas de 180 graus, um mínimo de um metro e meio é recomendado. A rampa de acesso também precisa seguir uma inclinação adequada, conforme a tabela de inclinação versus desnível estabelecida.

 

Além disso, os balcões de atendimento precisam ser adaptados, incluindo uma parte mais baixa com espaço para as pernas do cadeirante, e a utilização de catracas deve ser substituída por uma porta acessível.

 

Equilíbrio na vida do cadeirante: exercícios e alimentação

 

A prática de atividade física aliada a uma alimentação adequada desempenha um papel crucial na vida dos cadeirantes, promovendo saúde, bem-estar e inclusão. Embora enfrentem desafios específicos, eles podem se beneficiar significativamente de exercícios físicos adaptados e de uma dieta equilibrada, fortalecendo o corpo e a mente. Leonardo Pimenta ressalta que uma alimentação rica em fibras, como grãos integrais, legumes e verduras, contribui para o controle do açúcar no sangue. Além disso, ele enfatiza a importância do consumo de ômega 3, presente em peixes como bacalhau, salmão e sardinha, ou em sementes como linhaça e chia, para auxiliar na resistência à insulina e no controle da glicemia.

 

Segundo Blanka, o equilíbrio na alimentação aumenta a saciedade e reduz a vontade de consumir doces. Para contribuir com isso, ele indica o uso da canela e do cravo como aliados, que podem ser adicionados a frutas e preparações para proporcionar maior satisfação e controle da glicemia.

 

É notável o impacto positivo que a prática de atividade física e a adoção de uma alimentação adequada têm na vida dos cadeirantes. Além dos benefícios físicos, como o fortalecimento muscular e o controle da glicemia, elas também contribuem para a inclusão social e para a melhora da qualidade de vida dessas pessoas.

 

Atividades físicas para cadeirantes: exercícios em casa e cuidados necessários

 

Normalmente, os cadeirantes utilizam muita força muscular do peitoral e do tríceps, que são importantes para empurrar a cadeira, ressalta Pimenta. Para quem não tem acesso à academia, o coordenador do CENFE ressalta que é possível praticar atividades em casa. 

 

Para fortalecer os músculos das costas, por exemplo, pode ser utilizado elásticos. Para aqueles que possuem espaço disponível em suas residências, Blanka sugere colocar obstáculos de referência, como cones ou até mesmo marcações no piso, e realizar deslocamentos de frente e de costas com a cadeira. Ele recomenda fazer cinco séries de um minuto, com descanso de um minuto e meio entre uma série e outra. Além disso, dependendo do preparo físico, é possível utilizar pequenos pesos, como garrafinhas de água ou saquinhos de arroz, para realizar movimentos. Agora, se houver uma área com bastante espaço ou se for possível encontrar uma rua segura, pode-se fazer um simulado de velocidade e percorrer com a cadeira de um ponto a outro.

 

No entanto, Pimenta e Blanka alertam que antes de qualquer atividade física é necessário fazer alongamentos. Devido à postura do cadeirante, que precisa permanecer sentado, os músculos acabam sofrendo um encurtamento um pouco maior, resultando em sobrecarga, principalmente na região do quadrado lombar, ligado às vértebras L4, L5 e sacro, assim como nos músculos dorsais e lombares. Segundo Pimenta, essa carga excessiva pode se tornar um agravante no futuro para os cadeirantes, portanto, é necessário realizar exercícios de alongamento. Ele explica que, embora a musculação por si só já contribua para esse processo, às vezes é preciso realizar um trabalho específico de alongamento, de acordo com as necessidades de cada indivíduo. Quanto à flexibilidade, Blanka adverte que pode ser aconselhável ou não, pois envolve ultrapassar um certo limite. Caso o cadeirante tenha restrições articulares, o aumento da amplitude de movimento só deve ser feito sob a supervisão de um profissional.

 

Academia portátil para cadeirantes

 

O Fusion Wheel, um produto especialmente projetado para atender às necessidades dos cadeirantes, conquistou um lugar de destaque no Brasil Design Awards 2021, uma das premiações mais conceituadas do design nacional. Desenvolvido pelo escritório DXID, o Fusion Wheel recebeu reconhecimento na categoria Design de Produto, evidenciando sua inovação e relevância.

 

O diferencial do Fusion Wheel reside na capacidade de permitir que cadeirantes fortaleçam os músculos dos membros superiores em diversos ambientes, desde a comodidade do lar até o ambiente de trabalho, parques e até mesmo durante viagens. Com o objetivo de oferecer uma solução prática e versátil para atividades físicas, o produto se destaca ao possibilitar a realização de mais de 100 tipos diferentes de exercícios.

 

O aparelho consiste em um conjunto de molas e alavancas estrategicamente projetadas para fortalecer os músculos dos braços, ombros, peito e costas. Essa abordagem permite a realização de exercícios de resistência, como flexões, remadas e levantamento de peso, ao mesmo tempo em que aprimora a coordenação motora e a estabilidade.

 

O dispositivo foi desenvolvido para ser facilmente transportado e utilizado por cadeirantes de todas as idades.

 

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