Doença celíaca: a importância da dieta sem glúten

Para quem enfrenta a doença celíaca, proteger a saúde intestinal é essencial

1 de abril de 2024 - às 10h33 (atualizado em 1/4/2024, às 10h34)

Escrito por

Dayana Bonetto

Redatora Let's Move 360

Para quem tem doença celíaca, cuidar da alimentação é muito importante. Essa condição ocorre quando as células de defesa do corpo atacam os próprios tecidos, causando um processo inflamatório. Essa inflamação ocorre devido ao glúten, uma proteína que pode causar problemas no intestino, prejudicando a absorção de nutrientes importantes. Por isso, Suzana Camacho Lima, nutricionista e coordenadora dos cursos de pós-graduação do Senac EAD, recomenda evitar alguns ingredientes usados para fazer comidas. “Todos que possam conter moléculas de glúten, formadas pelas proteínas glutenina e gliadina. Elas estão presentes na farinha de trigo, de rosca, massas, quibe, semolina de trigo, malte, entre outros”, ressalta. No entanto, Lima alerta que existem alimentos que podem ser fontes ocultas de glúten, como, por exemplo, achocolatados em pó, balas, cafés instantâneos, cereais matinais, chocolates, embutidos, molhos de soja, tomate ou para salada, mostarda, sorvetes e temperos industrializados.

Outro fator que Lima destaca tem a ver com a interação entre alimentos com glúten e sem. De acordo com ela, é essencial manter distância entre eles para evitar infecção. “É importante lembrar que o contato cruzado entre aqueles que contém glúten com outros isentos pode levar à contaminação. Isso pode ocorrer durante a aquisição, armazenamento ou preparo dos alimentos, nas superfícies, utensílios, equipamentos, entre outros”, indica. 

Segundo o nutricionista, a consequência dessa contaminação para pessoas com doença celíaca é o desencadeamento de efeitos colaterais. “As reações podem variar desde desconfortos gastrointestinais, como dor abdominal e diarreia, até sintomas mais amplos, como fadiga, dores articulares, erupções cutâneas e até danos mais graves no intestino delgado. Em casos mais extremos, a contaminação repetida ao longo do tempo pode levar a complicações de saúde a longo prazo, incluindo deficiências nutricionais devido à má absorção de nutrientes”, alerta. 

Por essa razão, Lima destaca que há obrigatoriedade de os rótulos de alimentos apresentarem a informação dos ingredientes que compõem o produto e ainda declararem a presença ou possibilidade de conter glúten, inclusive o risco da presença de traços. “Fazer a leitura de rótulos de forma detalhada é imprescindível para evitar o risco da ingestão de glúten”, recomenda. 

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 1% da população mundial tem diagnóstico de doença celíaca. No Brasil, o dado representa cerca de 2 milhões de pessoas.  

Alimentos adequados para pessoas com doença celíaca

De acordo com a nutricionista Lima, pessoas com doença celíaca precisam adotar uma dieta rigorosamente sem glúten para evitar complicações e promover uma saúde intestinal adequada. Ela destaca que os alimentos mais adequados para essa condição são o arroz, milho, quinoa, batata e produtos sem glúten certificados. “O arroz, por exemplo, é uma excelente fonte de carboidratos e energia, além de ser naturalmente isento de glúten. O milho oferece versatilidade na cozinha, podendo ser utilizado em diversas formas, como farinha, flocos ou como ingrediente principal em pratos. A quinoa, por sua vez, é uma proteína completa, rica em fibras e nutrientes essenciais, contribuindo para uma dieta balanceada. A batata é uma fonte saudável de carboidratos, fibras e potássio, sendo uma opção versátil para acompanhamentos ou pratos principais”.

Além desses alimentos, Lima indica outros adicionais adequados para pessoas com doença celíaca:

  • Legumes variados: vegetais como cenoura, abobrinha, berinjela e brócolis são excelentes escolhas, fornecendo vitaminas e fibras essenciais;
  • Frutas frescas: maçãs, peras, morangos e outras frutas frescas são opções saudáveis e naturalmente livres de glúten;
  • Carnes magras: frango, peixe, carne bovina magra e outras fontes de proteína animal sem processamento são indicadas;
  • Oleaginosas: amêndoas, nozes, castanhas e sementes são alternativas nutritivas para lanches e adicionam textura às refeições;
  • Leguminosas: grão-de-bico, lentilhas e feijões são fontes de proteína e fibras, contribuindo para uma dieta equilibrada.

Suplementos e deficiências nutricionais associadas à doença celíaca

Lima explica que o planejamento adequado da suplementação para o indivíduo com doença celíaca deve considerar como ponto de partida a presença de sintomas gastrointestinais, que incluem diarreia, disabsorção, quadros de síndrome do intestino irritável e às vezes até intolerância à lactose. “A persistência dos sintomas, assim como a atrofia das vilosidades intestinais, agravam a má absorção e podem conduzir à anemia carencial ou ferropriva e deficiências vitamínicas, como B12 e/ou ácido fólico. Por essa razão, é fundamental a avaliação minuciosa do estado nutricional, que inclui avaliação bioquímica para o acompanhamento dos níveis séricos destes micronutrientes (ferro, zinco, vitamina B12, selênio, folato, cálcio, fósforo e vitamina D) e a prescrição de dosagens corretas de modo individualizado, visando a reposição e tratamento nutricional”, esclarece. 

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