Procrastinação: como identificar, entender e superar

Conheça as principais causas da procrastinação e aprenda técnicas eficazes para evitar adiamentos

19 de abril de 2024 - às 09h48 (atualizado em 21/4/2024, às 18h37)

Escrito por

Dayana Bonetto

Redatora Let's Move 360

Em meio a era digital que oferece inúmeras distrações, a procrastinação se tornou uma prática comum. Curtir memes no TikTok, jogar game ou ver episódios a mais de uma série durante a madrugada estão cada vez associados ao prazer e felicidade. Adiantar o relatório, estudar para a prova ou organizar o guarda-roupas são tarefas que, além de desagradáveis, seguem uma lógica de longo prazo. Em alguns casos, podem ser deixadas para depois. O constante bombardeio de notificações, atualizações e conteúdos online cria um ambiente propício para o adiamento de tarefas essenciais.

A prática de procrastinar não é algo novo. Em 1920, a escritora inglesa Virginia Woolf já reclamava de perder tempo com as novidades de sua época, em vez de se concentrar no que realmente importava. Em seu diário, ela lamentou: “Planejei uma manhã de escrita tão boa, e acabei gastando o melhor da minha mente no telefone”. Adiar tarefas é algo comum a todos. Embora algumas pessoas sofram mais com isso do que outras, é difícil escapar totalmente da tentação de deixar as coisas para depois.

No entanto, Joseph Ferrari, professor de psicologia e autor de “Still Procrastinating”, observa que nem todo mundo sofre da mesma maneira com hábito de adiar as tarefas até o último minuto. Ferrari destaca que alguns lugares podem contribuir para a procrastinação, como na área acadêmica, por exemplo. Ele explica que isso acontece porque trabalhos nesse meio geralmente têm prazos mais longos, que podem se estender por dias, meses ou até anos, tornando mais fácil adiar as tarefas. Além disso, Ferrari pontua que as consequências para a procrastinação nesse caso, como tirar notas baixas ou reprovar em uma disciplina, costumam ser menos graves do que no ambiente profissional, onde a demissão é uma possibilidade

Em seus estudos, Joseph Ferrari identificou também os procrastinadores crônicos, que, ao contrário daqueles que adiam uma tarefa ou outra, estendem esse comportamento para todas as áreas da vida, como estudos, trabalho, tarefas domésticas e relacionamentos, por exemplo. Ele estima que cerca de 20% da população humana se encaixe nessa definição.

Para Renata Fornari, facilitadora do “Método Louise Hay” no Brasil, técnicas e exercícios que tem o objetivo de elevar a autoestima, o amor próprio e criar relacionamentos mais positivos, a  procrastinação é um instinto que regula o impulso, levando a uma reflexão antes da ação imediata. Ela explica que é uma programação genética herdada dos ancestrais. “Fazia sentido quando era necessário concentrar energias no essencial para a sobrevivência”. 

Fornari destaca também a procrastinação destrutiva, um comportamento que impede o progresso e a realização de tarefas importantes. “Esse tipo de procrastinação vai além do simples adiamento e pode resultar em consequências negativas para a vida pessoal e profissional. Quando alguém se entrega à procrastinação destrutiva, acaba evitando ações necessárias, adiando decisões importantes e, em última instância, comprometendo seu próprio bem-estar”, alerta.  

Principais causas da procrastinação

De acordo com a facilitadora, as principais causas da procrastinação são:

  • Resistência à mudança: receio de enfrentar algo novo ou desconhecido. Pode surgir quando a mudança traz incertezas ou sai da zona de conforto;
  • Medo do fracasso: receio de não alcançar êxito em uma tarefa ou objetivo. O medo do fracasso pode paralisar, impedindo a ação;
  • Medo do sucesso: contrariamente ao que se poderia pensar, algumas pessoas temem o sucesso. Isso pode estar relacionado a expectativas elevadas ou mudanças na vida que o sucesso pode trazer;
  • Perfeccionismo: é a busca incessante pela perfeição, o que pode levar à procrastinação. O medo de não atingir a perfeição pode resultar em adiamento de tarefas;
  • Redes Sociais ou dispositivos eletrônicos: o uso excessivo pode ser um motivo significativo para procrastinação. As distrações podem desviar o foco das tarefas importantes;
  • Outros motivos: falta de motivação, desorganização, falta de planejamento e autodisciplina, também contribuem para a procrastinação.

Dicas para evitar a procrastinação

  • Técnicas de organização: utilize ferramentas como listas, mapas, planilhas, aplicativos e plataformas online para organizar as atividades. O uso de mapas mentais online pode manter o foco nas tarefas, facilitando a visualização de ideias e insights;
  • Separe as tarefas por categorias: categorize as atividades por urgência, destacando as tarefas mais importantes no topo da lista. Anote a data de entrega das tarefas para manter a hierarquia e identificar rapidamente as atividades prioritárias;
  • Estipule um prazo para cada tarefa: determine um tempo estimado para cada tarefa antes de começar, considerando a urgência e a complexidade.Isso ajuda a calcular o período total de trabalho, identificar momentos mais produtivos e incentivar a conclusão dentro do prazo estabelecido;
  • Realize pausas estratégicas: faça pausas de 10 minutos para evitar o cansaço mental ao longo do expediente. Utilize esses intervalos para descansar, esticar as pernas, respirar ar fresco ou até mesmo relaxar com música ou vídeo;
  • Elimine distrações: identifique e elimine fontes de distração, como celular, redes sociais, televisão ou conversas paralelas. Desative notificações e sons no celular durante períodos de trabalho concentrado. Comunique colegas sobre a necessidade de concentração em determinadas atividades e estabeleça momentos para interações sociais.

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