Impacto dos dispositivos eletrônicos na saúde cognitiva e emocional de crianças 

Saiba como a exposição prolongada a dispositivos eletrônicos pode prejudicar o desenvolvimento cerebral e a capacidade de concentração

11 de outubro de 2023 - às 15h11 (atualizado em 11/10/2023, às 15h11)

Menina mexe em tablet
Crédito:

Envato

Escrito por

Dayana Bonetto

Redatora Let's Move 360

O uso excessivo de celulares e tablets tem causado preocupação aos pais devido ao impacto dos dispositivos eletrônicos nas crianças, seja na saúde emocional ou cognitiva, inclusive nos adolescentes. A utilização prolongada pode afetar de forma negativa o desenvolvimento cerebral e a capacidade de concentração. É o que destaca o neurocirurgião Antônio Araújo. De acordo com ele, até aproximadamente os 25 anos, o cérebro está em formação. “O perigo está em como esses dispositivos podem influenciar o pensamento, tornando ele voltado para estímulos rápidos das telas, prejudicando outras formas de pensamento e podendo potencializar problemas de concentração, atenção, socialização, impulsividade, agressividade e ansiedade. Impactos que podem persistir na fase adulta e ser de difícil reversão”, alerta. Além disso, Araújo ressalta que comprometem um tempo valioso da infância, dificultando a aquisição de habilidades fundamentais, como linguagem, coordenação motora, conhecimento matemático, interações sociais e regulação emocional. 

 

Sinais de alerta: efeitos da tecnologia em crianças

 

No mundo digital de hoje, é quase impossível escapar do alcance da tecnologia, e as crianças não são exceção. Embora os dispositivos eletrônicos possam trazer muitos benefícios, como acesso à educação e entretenimento, também há preocupações crescentes sobre os efeitos negativos que o uso excessivo desses aparelhos pode ter nas crianças. Para Araújo, é essencial que os pais e responsáveis estejam atentos aos sinais que indicam que uma criança pode estar sofrendo os impactos prejudiciais da tecnologia no dia a dia.

 

De acordo com Araújo, em geral, são crianças que perderam a capacidade de concentração e cuja atenção se mostra cada vez mais limitada. “São aquelas que não conseguem mais parar para ler um livro, brincar com um jogo de tabuleiro ou têm dificuldade em seguir regras simples dos jogos. Além disso, seus rendimentos escolares vêm se deteriorando, principalmente em aptidões de linguagem e desenvolvimento matemático. Essas crianças também se mostram descoordenadas, desconfortáveis, ou mesmo irritadas em brincadeiras coletivas”, afirma. 

 

Araújo enfatiza os riscos associados ao uso inadequado de dispositivos eletrônicos, frequentemente denominado “demência digital”, que impactam negativamente o desempenho cognitivo. Ele observa que “a exposição precoce às telas proporciona estímulos intensos em termos de cores e sons, tornando desafiador competir pela atenção dessas crianças em ambientes educacionais tradicionais”. Para Araújo, essa situação resulta em uma geração de crianças distraídas e com dificuldades de aprendizado. 

 

Além da distração, Araújo ressalta que a dependência digital também afeta a memória. “Informações consumidas de maneira superficial e sem conexões emocionais tendem a ser esquecidas rapidamente. A memória eficaz depende da associação de informações e do vínculo emocional com o conteúdo”,  explica. 

 

Tempo de tela apropriado para crianças 

 

De acordo com Araújo,  estabelecer limites adequados é fundamental para garantir um desenvolvimento saudável e evitar os potenciais riscos associados ao uso excessivo de dispositivos eletrônicos. Ele também destaca que é importante manter as telas fora do alcance durante momentos cruciais do dia a dia.

 

Araújo indica algumas diretrizes recomendadas para o tempo de tela adequado, para cada idade:

 

  • Antes de 6 anos de idade, zero tela;
  • Entre 6-12 anos, entre 30 min a 1 hora por dia;
  • Acima de 12 anos, até 2 horas por dia;
  • Redes sociais apenas acima de 16 anos.

 


Além de se estabelecer limites para tempo e conteúdo de tela, Araújo recomenda que os pais devem estar atentos a deixar as telas fora do alcance das crianças nas seguinte situações:

 

  • Durante as refeições;
  • Durante os deveres de casa;
  • Durante as conversas familiares;
  • Antes da escola;
  • 1 h e 30 min antes de dormir.

 

Equilibrando o tempo de tela com outras atividades

 

Araújo indica que algumas estratégias são essenciais para garantir que as crianças não apenas reduzam o tempo de tela, mas também desenvolvam habilidades sociais e físicas importantes para o seu crescimento e desenvolvimento. “ A melhor abordagem é garantir que as crianças se envolvam em grupos de socialização, como participar de atividades esportivas, como escolinhas de futebol, basquete, tênis, vôlei, balé, ginástica, entre outras”, pontua. Ele enfatiza que também é benéfico considerar atividades que exigem foco e destreza, como xadrez ou aprender a tocar instrumentos musicais. Além disso, Araújo ressalta a importância de ensinar às crianças o respeito pelos professores e a valorização do trabalho em equipe, visando melhorias no desempenho coletivo.  

 

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