Economia prateada: as agetechs chegaram para ficar

As agetechs tornaram-se responsáveis por desenvolver soluções para aumentar e melhorar a expectativa de vida das pessoas com 50 anos ou mais

14 de novembro de 2023 - às 10h55 (atualizado em 14/11/2023, às 10h55)

Mulher madura de cabelos brancos trabalha em escritório
Crédito:

Envato

Escrito por

Dayana Bonetto

Redatora Let's Move 360

A economia prateada ou mercado de longevidade são todos os produtos e serviços consumidos por pessoas com 50 anos ou mais. De acordo com estimativas da consultoria especializada Data8, esse público movimenta R$ 2 trilhões por ano no Brasil e é responsável por 23% do consumo de bens e serviços no país. Segundo projeções da Organização das Nações Unidas (ONU), o número de pessoas com 65 anos ou mais no mundo deve dobrar, passando de 761 milhões em 2021 para 1,6 bilhão em 2050. Cristián Sepúlveda, especialista em Mercado de Longevidade e CEO da Silver Hub também ressalta que esse mercado tende a crescer com o envelhecimento da população, mas ainda encontra dificuldades.

 

Diante desse cenário, as startups dedicadas a esse segmento, conhecidas como agetechs, surgiram como aliadas em oferecer soluções que contribuam para a qualidade de vida dessas pessoas. Sepúlveda explica que, além de focar na saúde, essas empresas também buscam preservar a autonomia e a independência dos idosos. “As agetechs abrangem áreas como finanças, lazer, bem-estar e cuidados”, esclarece.

 

No entanto, ele destaca que, apesar de a economia prateada oferecer oportunidades que atendem não apenas às necessidades, mas também aos desejos desse público, o mercado de  longevidade e as agetechs ainda são associados à saúde. “Há uma relação direta entre o envelhecimento e doenças. À medida que as pessoas envelhecem, as necessidades de cuidados médicos indubitavelmente aumentam. Apesar de não haver números estatísticos detalhados, os gastos com saúde podem representar entre 20% e 30% do orçamento total dos idosos”, ressalta.

 

Entretanto, Sepúlveda ressalta que essa visão está se tornando ultrapassada. “Com os avanços principalmente na medicina e melhores condições de saúde e saneamento, as pessoas acima de 50 anos estão vivendo cada vez mais, com boa saúde e, consequentemente, mais ativas”, destaca.

 

Economia prateada: desafios para as empresas

 

De acordo com  Sepúlveda, a economia prateada representa uma oportunidade e um desafio para as empresas, que precisam se adaptar à crescente demanda dos consumidores de 50 anos ou mais. “A maioria está insatisfeita com os produtos e serviços oferecidos para eles”, alerta.

 

Sepúlveda enfatiza que para se preparar para o crescimento dessa demanda, as empresas devem ter uma visão estratégica e uma cultura inclusiva, que não discrimine os colaboradores e os clientes por idade. “Elas devem envolver esses consumidores nos processos de inovação e desenvolvimento de produtos, levando em conta suas necessidades e preferências. Aspectos como a comunicação, usabilidade e marketing são essenciais”, indica. 

 

Combate ao etarismo

 

Para o especialista em Mercado de Longevidade, a economia prateada é um conceito que valoriza o potencial econômico e social das pessoas com 50 anos ou mais. “Eles representam uma parcela crescente da população mundial. Essa economia abrange produtos, serviços e soluções voltados para esse público, bem como oportunidades de trabalho e empreendedorismo para os idosos”.

 

Sepúlveda destaca que um dos benefícios da economia prateada é o combate ao etarismo, tipo de ação que é a discriminação por idade, ainda muito presente na sociedade e no mercado de trabalho. “No Brasil, cerca de 80% das empresas têm algum tipo de etarismo, segundo pesquisas. Isso significa que muitos talentos são desperdiçados ou subaproveitados por causa de preconceitos e estereótipos sobre a capacidade e a produtividade dos idosos”, enfatiza.

 

Para Sepúlveda, a diversidade etária é um fator positivo para a sociedade e as empresas, pois contribui para a troca de experiências, a inovação e a inclusão social. “As empresas que adotam boas práticas de diversidade demonstram responsabilidade social e ambiental, o que atrai consumidores conscientes e melhora sua reputação. Um estudo dos professores da Universidade Harvard, Mozaffar Khan, George Serafeim e Aaron Yoon, mostrou que as empresas que seguem esses princípios têm maior lucratividade, menor custo do capital e maior valor de mercado no longo prazo”, pontua.

 

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